sábado, 13 de maio de 2017

Atenção: não despreze o Corinthians

Amigo secador, amigo torcedor, começou o campeonato brasileiro. Agora, os corações baterão freneticamente quando seu time jogar, os clássicos terão sabor especial e a festa vai ser toda no embalo de berros apaixonados, pois “aqui é o País do futebol”, meu caro Wilson Simonal.

Os bares estão cheios, fanáticos expõem suas teses nas mesas e batem o martelo: “O Corinthians é perigoso”. Eu, corintiano de coração, fanático e pirado, balanço a cabeça e apenas concordo, nada mais justo.
O Timão, que no início da temporada era algo dos idiotas da objetividade, agora figura, de uma hora para outra, entre os favoritos para levantar a taça. Você deve estar se pensando: mas seu cronista, como o Corinthians é favorito? O time não joga, apenas se defende.

Explico. Historicamente, o Alvinegro optou por defender-se e sempre construiu defesas sólidas. Assim, ganhamos uma Libertadores, em 2012, e um brasileiro, um ano antes. “Sei lá, o futebol de vocês é feio demais”, afirma um amigo, no boteco, em partida contra a Universidad del Chile, na última quarta-feira (10).
Não. Vamos com calma. O leitor atento sabe que futebol, como dizia o doutor Sócrates, aquele mesmo da democracia corintiana, ídolo e xodó da Fiel, “não tem nada a ver com a lógica”. E o futebol bonito, aonde fica, você deve estar me perguntando, com a paciência esgotada?

No gramado, ora. Mas times que foram formados por operários, como o Timão, pouco – ou quase nada – preocupam-se com futebol vistoso. O Corinthians é a esperança de milhares de brasileiros, cuja vida é difícil, por causa da labuta diária. Então, sobra-lhes o futebol, esporte popular, que mexe com as emoções de cada um, de forma diferente.
Talvez você, caro torcedor que me acompanhou até aqui, não concorde com meu ponto de vista, e nem lhe obrigo a aceitar minhas humildes posições futebolísticas. Futebol não tem absolutamente nada a ver com lógica, talvez – e certamente – tem a ver com o drama rodrigueano, mas não com lógica.

A lógica, torcedor, deixe para intelectuais na academia. “Não, no futebol vence o melhor”, diz o amigo botequeiro. Beberico minha cerveja, bato na mesa e brado: “Não, futebol é como a vida, porque há o juiz ladrão, o jogador, que inexplicavelmente, manda a bola para fora, cara a cara com o goleiro, aos 45 do segundo tempo. Então, cara, futebol não é lógica, jamais”.
O sujeito, de uma hora para outra, ficou calado. Bebeu alguns tragos em sua cerveja, e começou a falar de mulher.

Porque futebol, como nos ensinou tio Nelson, não é, nem nunca será, lógico. Se a torcida, de uma hora para outra resolver ficar calada, sem xingamentos, acabou a verdadeira magia do esporte bretão.
Que comece o brasileirão, torcedor, e lembre-se: não despreze este Corinthians. Abraço.

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