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Hunter Thompson
Marcus Vinícius Beck
Hunter Thompson nasceu em 1937,
em Kentucky. Sua escrita é tida como ousada e extravagante. Foi criador do
jornalismo gonzo, estilo que acrescentava técnicas literárias ao texto
jornalístico. Escreveu para a Rolling Stones, nos anos 70. A sua obra de maior
sucesso, ‘Medos e delírios em Las Vegas’, foi publicada na revista, em partes,
durante a década de 70. Lançou ainda ‘Hells Angels’, em 1967. Neste livro,
relatou a experiência e o dia-a-dia da gangue de motociclistas homônima.
Morreu no dia 18 de fevereiro de
2005, exatamente como Hemingway, com um tiro na cabeça. Antes de matar-se,
escreveu uma carta em que contara o motivo da escolha. Thompson disse que
vivera mais do que deseja. O jornalista tinha expectativas de viver até os 50
anos. Morreu aos 67 anos.
Jornalismo Gonzo
Thompson é aclamado como o ‘pai
do jornalismo gonzo’. Este estilo primava pela vivencia do jornalista dentro do
fato, interagindo com o meio e tendo autonomia para poder interferir na
história. Thompson utilizava essencialmente o uso da primeira pessoa em suas
reportagens. Hells Angels é considerado a primeira experiência gonzo. Hunter
tornou-se um dos membros da gangue. Consumiu drogas com os rapazes, e quando
descobriram a sua verdadeira identidade, apanhou.
Sobre a sua convivência com
os membros, disse que não sabia se era um deles, ou se era um jornalista que
estava investigando os Hells Angels.
Medos e Delírios conta em
detalhes, o uso desenfreado de entorpecentes por parte de Thompson e seu
advogado, Dr. Gonzo. O livro começa com as seguintes palavras: “as drogas
começaram a fazer efeito quando estávamos no meio do deserto”. O objetivo da
viajem era cobrir uma corrida de motocicletas que acontecia em Las Vegas.
Entretanto, a corrida jamais fora citada durante o texto. A temática da obra
girou em torno do sonho americano, como disse Thompson, posteriormente: “veja
como é, estávamos sem dinheiro, sem expectativas para o final de semana, quando
recebo uma ligação. Era um sujeito de Nova York me dizendo para ir a Lãs Vegas,
com tudo pago, para escrever sobre uma corrida de motocicletas. Somente um
idiota recusaria isso”.
Alguns teóricos, afirmam que
Thompson não fazia jornalismo. Em seus textos não há presença do Lead,
mecanismo essencial à estrutura da notícia, tal como é recorrente no jornalismo
praticado hoje. Este jornalismo, tem grande influência do mercado capitalista.
Notícias são escritas com o propósito de vender. E o jornalista vive
pressionado pelo tempo, sobretudo aquele jornalismo considerado ‘diário’.
Devido à pouca quantidade de
estudos acerca do tema, o jornalismo gonzo é pouco difundido nas faculdades de
Jornalismo pelo Brasil. Arthur Verissimo, passou a escrever para a Revista
Trip, no final dos anos 90, e é tido como um dos expoentes do jornalismo gonzo
no Brasil. Em seus textos, é notável a descrição detalhada de suas viagens
alucinadas ao redor do mundo. Devido ao sucesso, o jornalista conseguira um
quadro no popular ‘Programa do Ratinho’, no SBT.
Medos e Delírios em Las Vegas
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Com o propósito de cobrir uma
corrida de motocicletas no deserto, Raoul Duke e Dr. Gonzo partem para Las
Vegas. Para a viagem, os dois tinham uma enorme quantidade de entorpecentes.
Desde LSD até cocaína. Logo na primeira frase do texto, Thompson fala: “As
drogas começaram a fazer efeito enquanto estávamos no deserto”.
Hunter Thompson não cobriu a
corrida. Durante toda a obra, sequer mencionou-a. Sem matéria para a revista,
revolveu focar no sonho americano. E assim constitui-se a áurea da obra: a
busca pelo sonho americano e o seu entendimento.
Hells Angels
Em Hells Angels, Hunter Thompson
descreve a gangue de motociclistas homônima. O jornalista acompanhou o
dia-a-dia dos motoqueiros, durante um ano. Consumiu drogas com os membros.
Praticou furtos e roubos. E uma série de atividades ilícitas.
No decorrer do livro, disse que
em certo momento, não sabia se era um jornalista investigando uma gangue, ou se
era um membro do grupo.
Quando a verdadeira identidade
foi descoberta, Hunter Thompson levou uma surra. O autor descreve
minuciosamente o acontecimento, em uma prosa ácida e ousada. Nunca se fizera um
jornalismo assim. Nunca, em uma reportagem, narrou-se o fato em primeiro
pessoa, no centro da trama.
Alguns teóricos, afirmam que o
jornalismo gonzo é literatura. E nada tem de jornalismo. Entretanto, com
Hemingway e Fitzgerald, como influencia, Thompson foi ao coração da sociedade
americana, como fez seu mestre em ‘O grande Gatsby’.
Hunter Thompson surpreendeu a todos. Estava com 22
anos quando iniciou Rum: Diário de um jornalista bêbado. Havia desembarcado,
assim como Paul Kemp – protagonista da obra – há pouco em San Juan, Porto Rico,
para trabalhar como jornalista, em um jornal de esportes. Ambos queriam deixar
para trás a correria de Nova Iorque.
Conhecido pelo seu estilo gonzo, o mundo da literatura
desabou quando deparou-se com Diário de um jornalista bêbado. Thompson, deixa
transparecer o seu estilo fortemente influenciado por Hemingway, com frases
curtas, marcantes e violentas. Após ficar 40 anos guardado na gaveta, em 1998 o
mundo conheceu aquele livro que é tido como o mais literário de sua obra.
A cada capítulo vivemos as aventuras de Kemp, em um
jornal prestes a fechar. Essa situação dá uma pitada de humor e descontração na
obra. Os personagens, nada muito complexo, foram descritos de forma leve e
suave. O uso de metáforas, também, deixou a prosa deliciosa.
Em 2010, Diário de um jornalista bêbado chegou aos
cinemas. Johnny Deep deu vida a Paul Kemp.