Escritor desprezava a cultura pop e não queria ser visto como ícone
Jack Keroauc |
Ao longo de nove anos, Jean-Louis
Lebris de Kerouac, mais conhecido
como Jack Keroauc, viajou de Nova Iorque a São Francisco e do México ao Alasca.
Quando não estava na estrada, ele passava seus dias com o poeta Allen Ginsberg
e com o escritor junkey William Burroughs, autor de Almoço Nu, uma das obras
mais importantes da geração beat.
Seus amigos já eram autores famosos nesta época, e Keroauc ainda
trabalhava em seu primeiro romance. Pouco tempo depois de lançar On the road, sua oba mais famosa, o
autor publicou a novela The subterraneans.
Após o lançamento, o texto causou controvérsias pela forma com que relatou os
afro-americanos.
Mesmo com todas as críticas que o acompanhavam, o potencial de Keroauc
era inegável. Sobre efeitos de benzedrina, ele escreveu The Subterraneans em apenas três dias. Seus textos apresentava uma
prosa espontânea, com frases longas, adjetivação empolgada e metáforas bem
construídas, sobretudo em On the road.
Refugiado numa cabana nas imediações do Desolation Park, o autor passou
dois meses sozinho. Nesse tempo, escreveu 12 novelas, produziu inúmeros haicais
e escreveu cartas. De volta a São Francisco, celebrou seu retorno em um clube
de jazz, gênero que esteve em sua obra principal.
Geração beat
Considerado um escritor delicado que desprezava a cultura pop, Keroauc é
considerado o criador do termo geração beat. Quando On the road foi lançado, nove anos depois de ter escrito o esboço
de The Weeks, um trabalho registrado
em 36,5 metros de rolo de teletipo, que exigiu densa revisão, acabou sendo
leiloado por 2,4 milhões de euros. Em seguida, ele se tornou o autor mais
famoso da geração beat.
Na década de 1960, no entanto, Keroauc elegeu a bebida como uma de suas
prioridades. E ela o levou a ruína. À época, deu várias entrevistas e provocou
má impressão em todas. Declarou que os hippies eram um bando de comunistas. E
causou ainda mais espanto quando afirmou que mulheres eram como demônios que
deveriam ser mantidas em casa. Chegou a
falar, inclusive, que os negros e judeus eram problemas nacionais. Disse,
também, que seu maior sonho era ter sido fuzileiro naval, na Guerra do Vietnã.
Visto como alienado, ele foi à contramão de seus amigos pacifistas, como
Allen Ginsberg. Após ser informado que seu amigo, Neal Cassady, que o inspirou
a escreveu On the road, se tornou
motorista do grupo de escritores Merry Pranksters, Keroauc disse que ele foi
sugado pelos hippies e pelo LSD. Cadassy, quando soube da declaração do amigo,
afirmou que era triste ver como Keroauc havia desistido de tudo. “Agora ele é
apenas um bêbado famoso em seus próprios termos”, frisou Neal.
Vítima de overdose, Neal morreu nas montanhas mexicanas em 4 de fevereiro
de 1968. Perto dele havia uma bíblia e cartas antigas de Keroauc e Ginsberg. No
mesmo ano, Keroauc finalizou a produção da décima quarta novela biográfica –
Vanity Duluz. Na obra, ele recorda que era chamado de Memoru Babe pelks colegas
de classe por causa de sua memória privilegiada. “Vivendo novamente em Lowell,
sua cidade natal, Keroauc não conseguia se recordar de seus ataques de fúria em
decorrência do alcoolismo. Numa noite, ele arremessou uma faca na parede atrás
de sua mãe”, relata Steve King.
Morte
Jack Keroauc deixou esse mundo em 21 de outubro de 1969, um ano e sete
meses após a morte de Cassady. A causa foi hemorragia gastrointestinal
provacada pela cirrose. Mesmo com altos e baixos, ele foi considerado pelo
jornal The New York Times como o mais importante escritor moderno desconhecido
dos EUA.
“Durante o funeral de Kerouac, o padre escolheu uma passagem bíblica que
fala da reflexão de dois discípulos que acompanhavam Jesus até Emaús. ‘Não era
como um fogo queimando dentro de nós quando ele falava conosco na estrada?’”,
cita King.