De repente elas se tornam
balzaquianas, mas poucas leram a Mulher
de trinta anos, do francês Honoré de Balzac, escrito há de mais de 150
anos. Veja o que ele diz:
“Uma mulher de trinta anos tem
atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita
inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito
tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que
vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos
satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.
Bem... outra francesa, Madame
Bovary, trintona, era extremamente maravilhosa, tanto que Flaubert, seu criador,
disse nos tribunais: “Madame Bovary c´est moi”. E Marilyn Monroe, que fez tudo
aquilo aos 30 e poucos? E Alessandra Negrini que deixou marmanjos boquiabertos
no início dos anos 2000 ao ser capa da Play Boy e, ano passado, fez homens de
todas as faixas etárias babarem ao lhe ver desfilar no carnaval paulistano?
Voltemos a nossa mulher de
trinta, a mulher tropical, a que você encontra com o filho na porta da escola
ou bebendo uma cerveja no bar, sozinha. Sim, mulher de trinta bebe cerveja
sozinha! Mulher de trinta não tem pressa porque já passou a inexperiência de
querer tudo agora. E sabe o que as deixam mais encantadoras? Elas parecem nunca
perder aquele jeitinho dos 20.
A mulher de trinta está quase se
casando. Ou se divorciando, depende. Até os quarenta ela ficará sozinha,
curtindo a vida. Depois, aos quarenta e dois, quarente e três, ela vai à
procura do pretende definitivo. Mulheres de trinta são charmosas, que vivem
espalhando sabedoria e derretendo o coração de muitos caras por aí.
Elas são calmas. Não se afobam
para se despir, nem para transar. Tudo é muito tranquilo. A mulher de trinta
anos já viveu as experiências dos vinte – a tal da afobação feminina. Nesta
idade, é comum encontrar mulheres que dispensam o cara após uma foda. “Ah, não
sou obrigada a me relacionar com quem é ruim de cama”, exclamam elas, aos
vinte. “Sexo é relativo, gatinho. O que é bom pra mim, às vezes não é tão bom
para você”, afirmam elas, aos trinta.
A mulher de trinta não faz
plástica, apenas cuida do corpo. Algumas até tem barriguinhas, que acentuam sua
beleza. Ela não fica apenas por ficar, mas quando fica faz sexo como se fosse
pela última vez. A mulher de trinta morde, grita, sussurra. Ela não finge
orgasmos só para lhe deixar com o ego amaciado, ela mata-o logo de uma de vez, seja
um jovem, aos dezoito, ou um velho, aos sessenta.
E as costas da mulher de trinta
anos? Mais parece pele de pêssego, como diz Machado de Assis, referindo-se a
Helena, protagonista de romance homônimo. E os pêlos pubianos? Levemente
aparados, mas não lisos, como as de vinte gostam de deixá-lo, não me pergunte
por que.
Todavia o que mais me fascina nas
mulheres de trinta é a independência. Moram sozinhas e cultivam o frescor das
de vinte e a responsabilidade das de quarenta. Adoram pétalas e animais de
estimação – algumas excessivamente, é verdade. Curtem janelas abertas, e no som
sempre rola um Serge Gainsbourg, Frank Sinatra ou Taiguara.
Amam quem querem, quando querem,
como querem. Seja no banco do carro, no conforto do quarto ou nas regalias do
motel. E o mais fundamental: do jeito que querem.
Sábio Balzac: “A mulher de trinta
anos satisfaz tudo”.
O que tem as mulheres de trinta
anos? Sinceramente, não sei. Experiências, talvez.
Ponto. Era apenas isso.