quinta-feira, 31 de julho de 2014

O som ácido do The Doors

The Doors

Não há como começar uma conversa sobre Rock and Roll sem falar em The Doors. Jim Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore deixaram suas marcas na história deste gênero alucinado.

Em 1967, lançaram o primeiro disco intitulado The Doors. O álbum é composto por alguns dos maiores sucessos do conjunto, como "Break on Through (To the Other Side)", "Light My Fire", ‘The End’ e ‘The Crystal Ship’. A revista Rolling Stone o aclamou como o melhor disco de estreia de uma banda, e também como o quadragésimo sétimo melhor álbum da história do rock and roll.

Morrison e companhia se separaram em 1971. O vocalista e poeta desejava escrever poemas, radicando-se em Paris, e falecendo na mesma cidade. Até hoje, a causa de sua morte é repleta de mistérios.  Porém, o fato é que a música psicodélica e carregada de LSD dos rapazes californianos, está escrita nas linhas dos livros e presa à mente dos roqueiros pelo mundo.

No ano passado, 2013, o tecladista e fundador, Ray Manzarek, veio a falecer vitimado por um câncer. Manzarek falecera no dia 20 de maio, na Clínica Romed em Rosenheim, Alemanha.

"Fiquei profundamente triste ao saber sobre o falecimento do meu amigo e companheiro de banda Ray Manzarek hoje (segunda-feira)", disse o guitarrista do The Doors, Robby Krieger, em comunicado à agencia de notícias Reuters.

"Estou feliz por ter sido capaz de ter tocado as músicas do Doors com ele durante a última década. Ray era uma parte grande da minha vida e sempre sentirei sua falta."

Os Doors se reuniram em 1991, em Los Angeles, para tocar com Eddie Vedder – vocalista do Pearl Jam – sucessos como, Roadhouse Blues, Break on Through e Light My Fire.

Em 2004, a Rolling Stone colocou o Doors no 41º posto na sua lista dos 100 Maiores Artistas de Todos os Tempos. No ano anterior, já havia considerado os álbuns The DoorsL.A. Woman e Strange Days os 42º, 362º e 407º melhores álbuns de sempre respectivamente. Já as canções "Light My Fire" e "The End", ambas do primeiro álbum do grupo, foram consideradas, respectivamente, as 35ª e 328ª melhores canções de sempre.


Em abril de 2010, foi lançado o documentário When You're Strange de Tom DiCillo, que conta a história da banda, e é narrado pelo ator Johnny Depp.

1967 - The Doors

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The Doors é a obra de estreia do conjunto homônimo. Segundo a crítica, The Doors figura entre um dos melhores álbuns da história. Entre as músicas que compõem o disco, estão The End – que faz uma brilhante referência ao teatro grego, especificamente a obra de Sófocles, Édipo Rei -, Light my Fire – o primeiro sucesso radiofônico – e Break on Throught, cujo riff de guitarra tornou-se extremamente familiar aos ouvidos adeptos ao som ácido dos Doors.

O disco foi lançado no final de agosto e no início de setembro de 1967, pela gravadora Elektra Records. A produção ficou sobre Paul A. Rotchild. A gravação ocorreu no dia 29 de dezembro de 1967.
Segundo a revista Rolling Stones, The Doors é o quadragésimo sétimo melhor disco da história da música contemporânea, e o melhor trabalho de estreia de um conjunto.

A obra já vendeu mais de 10 milhões de cópias somente nos EUA. Até os dias atuais, os fã procuram nas lojas este charmoso e reluzente trabalho.

  1. Break on Through (To the Other Side)
  2. Soul Kitchen
  3. The Crystal Ship
  4. Twentieth Century Fox
  5. Alabama Song (Whiskey Bar)
  6. Light My Fire
  7. Back Door Man
  8. I Looked at You
  9. End of the Night
  10. Take It as It Comes
  11. The End

Artigo publicado na Rolling Stone  americana: http://www.rollingstone.com/music/albumreviews/the-doors-20030408



1967 - Stranger Days

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1967 – Stranger Days
Stranger Days é o segundo álbum do conjunto californiano The Doors. Lançado em 2 de outubro, é composto na sua maioria por músicas que não foram inclusas no primeiro trabalho. Algumas composições ficaram eternizadas na voz de Jim Morrison, como "Strange Days", "People Are Strange", "Love Me Two Times" e "When the Music's Over". Esta última é um poema épico e dramático ao estilo de ‘The End’, última faixa do disco anterior.

  1. Strange Days
  2. You're Lost Little Girl
  3. Love Me Two Times
  4. Unhappy Girl
  5. Horse Latitudes
  6. Moonlight Drive
  7. People are Strange
  8. My Eyes Have Seen You
  9. I Can't See Your Face in My Mind
  10. When the Music's Over


1968 - Waiting for the sun

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Waiting for the sun é terceiro álbum do conjunto californiano The Doors. Tornou-se a primeira obra da banda a figurar em primeiro lugar na Billoard 200 e o single ‘Hello, I Love You’ em primeiro na Billoard Hot 100.

O material havia sido escrito antes da formação da banda. A faixa "Not To Touch the Earth", que foi retirada do poema de Jim Morrison Celebration of the Lizard, não foi gravado nesse álbum. O poema fora lançado somente em 1970, no  Absolutely Live.




1969 - The Soft Parade

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The soft Parade é o quarto álbum do conjunto californiano The Doors. O disco apresentou mudanças em relação ao anterior, Waiting for the sun, pela introdução de metais na sonoridade nos arranjos.

Cinco faixas foram assinadas pelo guitarrista Robby Kriger, porque à época Jim Morrison estava concentrado nos seus dois livros de poesia que foram lançados em paralelo ao disco.
Nos trabalhos seguintes, os Doors, retornaram a uma sonoridade mais simples.

As músicas foram creditadas a apenas dois membros (Jim Morrison e Robby Krieger).

  1. Tell All the People
  2. Touch Me
  3. Shaman's Blues
  4. Do It
  5. Easy Ride
  6. Wild Child 
  7. Runnin' Blue
  8. Wishful Sinful
  9. The Soft Parade


1970 - Morrison Hotel

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Morrison Hotel é o quinto álbum do conjunto californiano The Doors. Depois do trabalho experimental em The Soft Parede, que não foi muito bem recebido pela crítica, a banda retornou as suas raízes sonoras, com uma pegada voltada ao blues, e com forte influencia psicodélica no som ácido e cintilante de Jim e companhia.

  1. Roadhouse Blues
  2. Waiting for the Sun
  3. You Make Me Real
  4. Peace Frog
  5. Blue Sunday
  6. Ship of Fools
  7. Land Ho!
  8. The Spy 
  9. Queen of the Highway
  10. Indian Summer 
  11. Maggie McGill



1971 - L.A Woman 

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L.A Woman é o sexto álbum do conjunto californiano The Doors. Foi o último trabalho com a formação original, antes da morte do mítico Jim Morrison, em 1971, que acontecera alguns meses depois do seu lançamento, em 3 de julho de 1971.


terça-feira, 29 de julho de 2014

O nascimento dos festivais de rock

De Mount Tam a Woodstock: um olhar sobre a época ensandecida que possibilitou a existência de eventos como Coachella e Lollapalooza


por DAVID BROWNE


Como costuma acontecer com momentos importantes, foi bem discreto – dá até para dizer que foi curioso. No decorrer de dois dias, em 1967, cerca de 40 mil fãs foram até um parque estadual no alto do monte Tamalpais, ao norte de São Francisco, Estados Unidos. Chegaram a pé, de carro e em ônibus escolares fretados, acomodaram-se ao sol e fumaram maconha enquanto assistiam ao line-up de bandas que incluía The Doors, The Byrds e Captain Beefheart. Os ingressos custavam US$ 2, e um balão gigante com uma imagem de Buda recebia o público. A cada noite, o show tinha que parar ao anoitecer, porque o parque não tinha eletricidade. Era o início da era hippie, então boa parte do pessoal ainda tinha cabelos curtos e vestia camisa com colarinho. De acordo com o executivo de rádio Tom Rounds, um dos organizadores, a segurança se resumia a “guardas do parque e naturalistas falando sobre folhas de pinheiro”. Depois, uma manchete em um jornal local afirmou: “Hippies merecem elogios por bom comportamento”
Apenas nove dias antes, os Beatles tinham lançado a obra-prima Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Eles mudaram a música. Mas, à sua própria maneira, aquela reunião em Mount Tam – conhecida oficialmente como Fantasy Fair and Magic Mountain Music Festival – criou algo tão profundo quanto o álbum: o primeiro festival de rock de verdade.

Na era de Coachella, Bonnaroo e Lollapalooza (este último realizado desde 2012 em São Paulo, com sucesso), grandes festivais são parte integrante da paisagem pop. Mas, até o Verão do Amor, a ideia de milhares de fãs de rock reunidos em espaços abertos para ouvir um elenco variado de artistas era algo inédito. Entre 1967 e meados da década de 1970, os festivais ao ar livre se tornaram pilares de alguns dos momentos mais cruciais do rock – Jimi Hendrix colocando fogo na própria guitarra em Monterey, Sly and the Family Stone criando um clima de êxtase em Woodstock com “I Want to Take You Higher”, Bob Dylan de terno branco para sair da aposentadoria no Isle of Wight Festival, em 1969. Eles eram a concretização da ideia de uma comunidade rock and roll; os triunfos e os erros desses eventos passaram a ser lições objetivas para o festival de rock moderno.

Pelo menos em parte, o objetivo dos festivais era sanar alguns problemas dos shows de rock da década de 1960. Em uma apresentação dos Rolling Stones no Cow Palace, em São Francisco, em 1966, Tom Rounds observou, desolado,
jovens fãs (alguns com apenas 13 anos de idade) saltando cheios de animação as grades em frente ao palco e logo sendo recolhidos por seguranças e mandados de volta para o meio do público – e às vezes direto para o chão de concreto da casa de espetáculos. “A gente ouvia o som de algo sendo esmagado, e era aterrador”, relembra Rounds. “Eu me lembro de dizer a um dos meus colegas: ‘Tem que existir um jeito melhor de fazer isso. Que tal ao ar livre?’” Daí nasceu a Fantasy Fair, inicialmente um evento de arrecadação de fundos para ações beneficentes e de promoção para a estação de rádio de Rounds, a KFRC.

Mais ou menos na mesma época, Lou Adler, empresário de bandas e diretor da Dunhill Records, teve uma conversa com John Phillips e Cass Elliot, do The Mamas and the Papas, e com Paul McCartney a respeito de festivais de jazz e folk como os realizados em Newport, nos Estados Unidos. A conversa passou para como “o rock and roll não era considerado uma forma de arte do jeito que o jazz era”, diz Adler. Pouco depois, Adler e Phillips criaram um plano ambicioso: três dias de pop, rock e soul no Monterey County Fairgrounds, na Califórnia, com capacidade para 7 mil pessoas.

A dupla falou com os amigos músicos para ter ideias a respeito de quem incluir na apresentação. McCartney sugeriu Hendrix; Andrew Loog Oldham, empresário dos Stones, disse que eles deveriam contratar o The Who. Problemas de visto impediram a presença do The Kinks e de Donovan e, até hoje, ninguém sabe dizer com certeza se o Doors foi convidado ou não. Para compensar a ausência de nomes da Motown (de acordo com Adler, ninguém sabia como entrar em contato com Berry Gordy), Otis Redding foi chamado. No decorrer de três dias cheios de harmonia, músicos conviveram no backstage, comendo lagosta e filé enquanto a multidão com assentos marcados – que no final somou mais de 50 mil pessoas – assistia a tudo, de Grateful Dead a Lou Rawls. “Foi civilizado”, lembra Chris Hillman, do Byrds, que se apresentou e também caminhou pelo local com John Entwistle, do The Who. “Foi o retrato perfeito do espírito de paz e amor de meados da década de 1960.”

Também foi a primeira vez que muitas das próprias bandas puderam ver os colegas ao vivo. “Estávamos ao lado do palco e Hendrix estava mexendo as mãos como se houvesse chamas, como se fosse algum tipo de coisa espiritual estranha”, diz Grace Slick, do Jefferson Airplane. “E depois ele colocou a guitarra no chão e tocou fogo!” Lou Adler tinha ouvido dizer que o The Who poderia detonar todo o equipamento, mas, mesmo assim, saiu correndo para o palco para salvar a bateria de Keith Moon quando a banda começou a destruir os instrumentos no fim do show. “Nós sabíamos como eram as apresentações deles na Inglaterra, mas aqui foi em outro nível”, recorda Adler. “Todo mundo ficou tentando salvar algo.”
As notícias positivas a respeito de Monterey se espalharam com rapidez. Robbie Robertson, da The Band, cruzou com Brian Jones, dos Rolling Stones, que tinha saído vagando como se tivesse sido beatificado pelo festival. “Ele disse que realmente era um evento adorável e extraordinário”, conta Robertson, “e que os músicos eram fantásticos, um após o outro.” Promotores de rock novatos ouviram os mesmos relatos e, no decorrer dos dois anos seguintes, festivais com line- -ups espetaculares passaram a acontecer com certa regularidade.

Michael Lang, um promoter de 23 anos, ficou tão inspirado por Monterey que organizou o primeiro Miami Pop Festival, evento de dois dias em 1968 que foi atrapalhado pela chuva no segundo dia. Mas ele tinha planos ainda maiores. No sítio de Max Yasgur, algumas horas ao norte da cidade de Nova York, ele e os outros organizadores esperavam que cerca de 200 mil pessoas se deslocassem até lá para o Woodstock Music & Art Fair, em agosto de 1969. Apareceu o dobro desse número. O artista encarregado pelo show de abertura, o perturbado cantor e compositor Tim Hardin, mudou de ideia no último minuto (Richie Havens foi convencido a substituí- -lo e Hardin cantou à noite). O Jeff erson Airplane teve que esperar nos bastidores durante quase 12 horas antes de subir ao palco. “Não foi a precisão espetacular do Monterey Pop Festival”, afirma Grace. Ao chegar de helicóptero, Robbie Robertson viu o mar de gente. “A coisa toda parecia estonteante”, ele descreve. “Ninguém no mundo tinha feito antes um festival daquela escala.” Aqueles três dias também registraram uma overdose de heroína, 33 prisões por causa de drogas e milhares de invasores que não pagaram pelo ingresso. Sair acabou sendo mais difícil do que entrar: o carro da The Band teve de ser arrastado pela lama por um guincho. Mesmo com os contratempos, todo mundo sentiu imediatamente que a história estava acontecendo ali. Por um momento, Woodstock foi a profecia de uma nova era, ainda mais cheia de festivais no rock. Ninguém imaginava que esse período iria terminar mais cedo do que o esperado.

Em teoria, o Altamont Speedway Free Festival era a sequência lógica para Woodstock. Organizado nos arredores de São Francisco, quatro meses depois, apresentava uma escalação de bandas espetacular: Rolling Stones, Grateful Dead, CSN&Y, Santana, The Flying Burrito Brothers e Jeff erson Airplane. Por sugestão do pessoal desta última, os Hells Angels foram contratados para fazer a segurança (“A culpa foi nossa, em parte”, Grace Slick reconhece) e a coisa logo ficou violenta. Marty Balin, companheiro de Grace no Jeff erson Airplane, perdeu a consciência por alguns momentos quando levou um soco depois de mandar um Hells Angel que estava ameaçando a plateia ir se foder; Chris Hillman, do Byrds, carregando o baixo, quase foi impedido de subir ao palco por outro Hells Angel. “Os Hells Angels iam abrindo caminho no meio do público como se fossem um bando de vikings”, conta Hillman. “Dava para ver que algo iria acontecer.”
Quando o helicóptero carregando o Jefferson Airplane levantou voo de Altamont Speedway, Paul Kantner voltou-se para Grace. “Ele disse: ‘Caramba, parece que alguém foi empurrado ou esfaqueado lá embaixo’”, ela recorda. “E ele tinha razão.” Um rapaz negro de 18 anos chamado Meredith Hunter tinha corrido na direção do palco segurando uma arma e foi derrubado e esfaqueado por pelo menos um Hells Angel. Mais tarde, Alan Passaro, acusado pelo assassinato, acabou absolvido alegando legítima defesa.
Apavoradas com a ideia de outro evento como esse, comunidades locais passaram a fazer todo o possível para acabar com os festivais, algumas vezes com sucesso. A cidade de Middlefield, no estado de Connecticut, resolveu, em cima da hora, que não queria abrigar o Powder Ridge Rock Festival, e quase todos os principais nomes do evento – Janis Joplin, The Allman Brothers Band e outros – nem apareceram. Michael Lang, por exemplo, só foi organizar outro festival em 1994, o Woodstock II.

Apesar de os festivais em larga escala estarem em baixa na época, a tendência não deteve dois promotores, Jim Koplik e Shelly Finkel, que planejaram um dia de shows na pista de corrida automobilística Watkins Glen Grand Prix, no norte do estado de Nova York, no verão de 1973. De acordo com Koplik, o festival deu lucro imediatamente ao vender todos os 200 mil ingressos, graças ao line-up com The Band, Grateful Dead e Allman Brothers. Uma sala no backstage recebeu o estoque do que Koplik descreve como “uma minimontanha” de cocaína: “As bandas ficaram sabendo da droga e invadiram a sala – os Allman principalmente, porque isso significava que eles teriam mais para si”.

Sem querer, Watkins Glen acabou se transformando em um festival de dois dias quando fãs apareceram um dia antes para assistir às passagens de som. Então, no dia certo dos shows, o impensável aconteceu: muito mais gente chegou, totalizando 600 mil pessoas. “Achamos que a pior coisa seria uma situação de baderna”, diz Koplik, “então decidimos deixar todo mundo entrar [de graça].” De repente, Glen ficou maior do que Woodstock, com quase 200 mil pessoas a mais.

Apesar dos banheiros lotadíssimos e outros problemas, foi uma surpresa os shows terem ocorrido sem grandes transtornos. O evento terminou com uma rara jam com os integrantes das três bandas. Mas, para Robbie Robertson – e muitos outros do ramo –, Watkins Glen foi o último suspiro. A apresentação da The Band foi interrompida temporariamente por uma chuva torrencial. “A gente olhava para toda aquela gente empapada de lama, e parecia o purgatório”, diz Robertson. Quando Koplik e Shelly tentaram organizar uma nova edição no ano seguinte, a cidade de Watkins Glen recusou.

Os festivais iriam, mais tarde, se transformar em tradição na Europa, mas quase uma década se passou antes que mais uma iniciativa de peso fosse tomada nos Estados Unidos: os US Festivals, financiados por Steve Wozniak em 1982 e 1983. Wozniak perdeu o total de US$ 24 milhões. Os festivais de rock só seriam retomados de verdade com o Coachella, em 1999, seguido pelo Bonnaroo, três anos depois, e o Lollapalooza, que foi criado em 1991, mas só foi
reconfigurado, após anos de hiato, em 2005.

O final da primeira era de festivais de rock, quase sempre gloriosos, aconteceu em Watkins Glen. Seis anos antes, na Fantasy Fair, dois paraquedistas desceram enquanto o The 5th Dimension cantava o sucesso pop “Up, Up and Away”. Em Watkins Glen, um paraquedista que não tinha ligação com a organização do festival saltou de um avião durante a apresentação da The Band e acendeu sinalizadores – que fizeram com que ele e as roupas dele pegassem
fogo no ar. O corpo do homem foi encontrado perto dos limites do terreno.

Os sobreviventes da primeira era dos festivais olham para trás, maravilhados e cheios de lamentos. “Quando a gente é jovem, pensa: ‘Isto é só o começo, vai ficar ainda mais maravilhoso’”, diz Grace Slick, ex-Jefferson Airplane. “Bom, nem tanto.”

O Começo do Fim
O sucesso do Woodstock ajudou na derrocada dos festivais
Apesar de Altamont geralmente ser culpado pelo fim dos festivais de rock, o sucesso da marca Woodstock – com um filme que arrecadou US$ 50 milhões nas bilheterias e um álbum triplo que virou best-seller – merece responsabilidade parcial. Em busca de um novo Woodstock, os promotores enlouqueceram com os festivais durante toda a década de 1970. Mas apesar de Woodstock ter dado sorte, mesmo com pessoas sem ingresso e com o tempo chuvoso, os sucessores do evento não foram tão afortunados. Em 1970, fãs irados invadiram o Atlanta Pop Festival, o New York Pop Festival e o Strawberry Fields Festival, nos arredores de Toronto, Canadá, causando prejuízo de US$ 1 milhão aos promotores, quando mais de 90 mil fãs exigiram entrar de graça no festival. No mesmo ano, o Isle of Wight, na Inglaterra, também foi maculado por invasores e fogueiras. Os festivais resistiriam por mais algum tempo, mas o fim dessa era chegou em 1973, com a realização do festival de Watkins Glen.

Originalmente publicado na ROLLINGSTONE.UOL.COM.BR

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O prazer sádico da ditadura

Quanto vale uma vida? Quanto vale uma respiração? Quanto vale os sonhos, angústias e amarguras? Talvez valha pouco. Talvez, muito. Ou, nada.

Os militares flertavam com esta última opção.

Durante vinte anos (1964-1984), os porões da ditadura mantinham-se cheios. Eram na sua totalidade presos políticos que questionavam as forças do regime vigente.

Nestes mesmos porões, houve gritos de desespero. Houve incertezas. Houve barbáries, cujo nenhum ser humano deve ser submetido sob quaisquer hipóteses.

Mas os generais não pensavam assim. Primavam pela força exacerbada dos torturadores. Distribuíam à sociedade medo, insegurança e pavor. E utilizavam mecanismos estratégicos para atirar devaneios irreais.

Ninguém podia fugir dos padrões. Se por ventura o fizesse, eram tidos como subversivos pelo Estado. A UNE (União Nacional dos Estudantes) sentiu esta repressão. O congresso que seria realizado em Ibiúna, em 1968, fora cancelado. O saldo da operação fora milhares de estudantes detidos.

Perguntamo-nos: tais atitudes sádicas, foram devidamente punidas? E as pessoas que hoje tem de conviver com problemas físicos acarretados pela tortura. Quem os indenizará? E as mulheres, vitimadas pela truculência dos militares. Como ficará o psicológico?

São tantos questionamentos. São tantas revoltas. São tantas críticas. Foram tantas as brutalidades em nome de quê?

Em nome de um falso temor comunista. 


BATISMO DE SANGUE 

 SINOPSE:


São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.



ARAGUAYA – CONSPIRAÇÃO DO SILENCIO 

SINOPSE:


O exército brasileiro no auge da ideologia da segurança nacional, um partido de esquerda dissidente, militantes aguerridos (a maioria deles ainda jovens e inexperientes), inocentes camponeses e uma região onde a ambição e a miséria disputavam lugar palmo a palmo. É neste cenário que está o Padre Chico (Stephane Brodt), um religioso francês que chegou à região do Araguaia no início dos anos 60. A profunda identidade de Padre Chico com as pessoas da região, associada ao seu sentimento religioso e dúvidas existenciais, fazem com que o religioso presencie os eventos ligados à formação da Guerrilha do Araguaia.


Referência:

Adoro Cinema

terça-feira, 15 de julho de 2014

Apocalypse Now - 1979

Metáfora – figura de linguagem que resume todo o filme ‘Apocalypse Now’. Estrelado por Martin Sheen, Marlon Brando e Robert Duvall; ‘Apocalypse Now’ concorreu a sete Oscars, porém, foi premiado em apenas duas categorias: Melhor filme, Melhor diretor e Melhor ator coadjuvante.

A obra prima de Francis Ford Copolla mostra as entranhas da Guerra do Vietnã, as suas consequências e como o imperialismo norte-americano agia sobre o sudeste asiático.

SINOPSE

 Imperialismo

Em plena Guerra do Vietnam, por volta de 1969, um alto comando do exército americano designa o Capitão Benjamin L. Willard (Martin Sheen) para procurar e matar o Coronel Walter E. Kurtz (Marlon Brando), que havia supostamente enlouquecido e estava lutando a guerra à sua própria maneira com um grupo de combatentes nas selvas do Camboja.

Subindo o rio num barco de patrulha e escoltado por quatro soldados, Willard depara-se com situações inacreditáveis e absurdas geradas pela guerra. À medida que se aproxima do destino e examina os documentos a respeito do coronel, seus pensamentos acerca deste e de sua missão vão se tornando cada vez mais confusos.

O filme tem duas versões. A segunda, feita em 2001, chama-se "Apocalypse Now Redux" e tem 210 minutos, 60 minutos a mais de cenas adicionais. Esta versão foi reeditada pelo próprio Francis Ford Coppola.

As metáforas do filme pela ótica de Elisangela Mendes Queiroz, da UEL (Universidade de Londrina): http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/Queiroz_Elisangela%20Mendes.pdf