quinta-feira, 28 de abril de 2016

Após empate, timão decide em casa

Tite diz que confronto está em aberto. Foto: Globoesporte.com
O Corinthians empatou, ontem (25) em zero a zero, com o Nacional, em Montevidéu. A equipe alvinegra criou poucas oportunidades de gol, e foi pressionada, à maior parte dos 90 minutos, pelos uruguaios. Na próxima quarta-feira (4), o timão decidirá a vaga às quartas de final, na Arena.

Após a partida, o técnico Tite lamentou o erro de passes e a falta de chances que teve o time. “Foi um jogo difícil, com atmosfera importante. A bola gente teve, mas faltou a escolha do último passe”, diz o treinador. Na véspera da partida, Tite havia dito que a igualdade seria um bom resultado.O jogo está aberto, temos a consciência que pela atmosfera do jogo contra o Nacional, pela qualidade deles, também nos credenciamos jogando em casa”, afirma.

Segundo Tite, a eliminação para o Audax não afetou a equipe. Para o treinador, apenas com maturidade o time conseguirá superá-la. No passado, o timão caiu no paulista – perdeu para o Palmeiras – e, em seguida, foi eliminado pelo Guarani, na Libertadores. Tite, também, destacou a forte marcação do Nacional. “Faltou o último terço, mas também pela marcação do adversário. No segundo tempo tivemos dificuldade também por dentro”, observou.

O resultado obriga o Corinthians a vencer, na Arena, no próximo dia 4. Qualquer empate sem gols classificará o Nacional. E um novo zero a zero levará a decisão para os pênaltis, complexo da equipe alvinegra na temporada No último final de semana, o timão foi eliminado pela Audax, nas penalidades.

Jogadores

O volante Elias, ao desembarcar em São Paulo, minimizou o empate corintiano, em Montevidéu. Ele ainda afirmou que o Grêmio está em situação complicada, após perder para Rosário Central, em casa. “Situação ruim está o Grêmio, que perdeu em casa de 1 a 0 e agora vai ter que ir lá resolver”, assegura. Elias disse que o timão conseguiu um bom resultado e, ainda alfinetou os jornalistas presentes no aeroporto. “Acho que vocês estão muito preocupados com a gente e esquecendo que outras equipes davam de tudo para ter empatado esse jogo, fora, em 0 a 0”, completa.

Já o goleiro Cássio afirmou que o ideal seria o time empatar com gols, porque o critério de tento fora contaria a favor do Corinthians. “Importante é não perder fora casa, porque é difícil jogar fora de casa. Melhor que ter empatado em 0 a 0 seria ter empatado com gols”, diz. O goleiro, ainda, lembrou que se o Corinthians perdesse em casa, jogaria com pressão a decisão da vaga. “Fizemos um bom resultado, porque se perdêssemos iríamos jogar com muita pressão em casa.”

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Se Beatles é rock, Stones é roll

Os Beatles são rock. Os Stones são roll. Os Beatles são bonzinhos. Os Stones são malvados. Em suas letras, os Beatles cantam o amor adolescente. Os Stones o sexo, as drogas, a vida, a liberdade, a libertação, a revolta. Os Beatles são leves e comportados. Os Stones pesados e inquietos. Os Beatles são os garotos de Liverpool. Os Stones são os sujos e marginais; são bluseiros.

Em sua autobiografia, Keith Richards sugeriu a John Lennon que segurasse a guitarra mais embaixo para que pudesse sentir o ‘roll’. “Assim, você só consegue tocar o rock, e não roll”, disse, o velho pirata do rock. Companheiros de piração no final dos anos 60, Richards relata que o beatle tentava o acompanhar nas viagens de ácido, mas sempre passava mal. “Para mim era uma coisa normal, sabe. Eu tomava um pico ou tomava um ácido, e conseguia trabalhar”, relata, em Vida, sua autobiografia.

Ícones da mesma geração, Beatles e Stones tem sonoridade diferente. Os Stones representam a catarse, a libertação, a revolta, o caos. Isso fica evidente em Exile on main street, lançado em 1972, em Paris. O disco mistura elementos de funk, soul, gospel e blues. Anos depois, em entrevista à Rolling Stone, Richards afirmou que algumas músicas deram trabalho para ficar pronta. “O final de Tumbling Dice me confundia”, contou. “Não conseguia fazer aquela virada.”

Os garotos de Liverpool flertaram com o rock experimental em 1966, em Revolver. No ano seguinte, compuseram e gravaram o Sgt Peppers – considerado pelos fãs o melhor disco dos garotos de Liverpool. O álbum influenciou Caetano Veloso e Gilberto Gil, na Tropicália - que buscavam elementos para conceituar o álbum manifesto Tropicália ou Panis et Circencis, lançado em 1967. “Caetano me mostrou o Sgt Peppres, e eu achei sensacional”, disse Gil, no programa ao Som do Vinil, da Tv Globo.

Nesta época, os Stones estavam concentrados em Their satanic majesties request. Lançado em 1967, o trabalho conta com She´s raibow – tida como um dos clássicos dos vovôs do rock. O produtor musical Ezequiel Neves, que descobriu a banda carioca Barão Vermelho, afirmou que os assistiu, em Nova Iorque. 

“Depois do show, virei outra pessoa”, assegurou. Zeca adotara o codinome de ‘Zeca Jagger em alusão a Mick Jagger, uma de suas paixões. Em 1968, Richards e companhia compuseram o hino Street fight man. A música é uma alusão às manifestações que aconteceram em maio de 1968, na Universidade de Sorbonne, na França.

Já os Beatles caminhavam rumo à experimentação. Enquanto os Stones viram que não eram uma banda psicodelica, os Beatles trilharam este rumo. Foram à Índia e criaram um disco exótico: o White Álbum. Em 1969, veio Abbey Road, mas o fim estava perto. Não tinham mais o mesmo pique, nem a vontade de tocar juntos. Ainda assim houve mais um disco: Let it be, composto de sobras de estúdio. Para satirizá-los os Stones, porém gravaram Lei it bleed, no mesmo ano.

Os Beatles acabaram em 1970. Lennon seguiu carreira solo. Cantou os problemas do mundo. E ausentou-se da música por dois anos, em meados da década 70. McCartney também construiu uma bem sucedida carreira solo. Os Stones, por sua vez, estão aí. Setentões, eles ainda correm o mundo tocando rock and roll. E deixam muita gente nova pra trás boquiaberta. 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O mais carioca dos bares goianienses

“Bar recria áurea carioca. Clientes afirmam que espaço é “tranquilo e agradável”

Marcus Vinícius Beck

No chão, pisos Xadrez. Nas paredes retratos de Ângela Rô Rô, Noel Rosa e Miles Davis. O Glória, sem dúvida, é o mais carioca dos botecos goianienses. E não é à toa. A cerveja e o cigarro misturam-se ao clima democrático da casa. Uma hora o samba anima o público. Instantes depois, rock e blues ganham espaço da vez.

Nas segundas-feiras, a casa faz a famosa “dobradinha” – que são dois chopps pelo preço de um. Neste dia, a clientela é predominantemente jovem. O botequim, ainda, produz seu próprio chopp, em parceira com a primeira choperia de Goiânia, a cervejaria Goyaz.

Para o garçom José Martins, chamado pelos clientes de “seu Martins”, a diversidade do público é a marca registrada do Glória. “A diversidade de público e faixa etária é a nossa característica”, diz ele. “Aqui vem gente com os pais, mas o eles bebem chopp e o filho refrigerante”, brinca.

Mas o que leva o Glória a ser conhecido na capital? A gerente e sócia fundadora, Ludmilla, afirmou que o ambiente é propicio à família. Segundo ela, há clientes que antes vinham com os pais e hoje vem com a namorada. “Tinham crianças que acompanhavam os pais. Hoje sentam com a namorada e bebem uma cerveja”, conta.

Aos sábados, a casa ferve feijoada, além de filé à parmegiana. Contudo, o público sempre acaba preferindo os petiscos clássicos, como linguiça portuguesa caseira e sardinha portuguesa. O bar, também, possui várias opções de bebida. Há o mojito, rum com hortelã, bebida preferida do escritor Ernest Hemingway – autor de Adeus às armas.

“Moraes Moreira sentou e bebeu uma cerveja aqui, no meio do povo” diz o publicitário Mateus Correa, que frequenta o Glória desde criança. “O Glória é um espaço tranquilo. A música é boa. E a comida também.”  José Martins disse que a clientela do Glória é fiel. De acordo com ele, "há gente que frequenta aqui todos os dias.”

Espaço de poeta, professor e escritor, o bar foi premiado várias vezes pela Veja Goiânia.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

Queremos o mundo, e o queremos agora

Resgatemos os mitos
Cultuemos os deuses
Adoremos os símbolos
O poeta trágico fecha seu livro
E dobra a esquina.

Fardados sádicos
Inventam discursos
Para justificar a barbárie.
Jovens vestem-nas
E vão para o campo de batalha
Sem ideias, mas querendo
Que sejamos presos ao futuro

Ao entrarmos dentro deste teatro insano
Propagamos a sabedoria das ruas, dos loucos, dos desvairados
A porta se abriu
Tudo é infinito
A música nos inflama e nos liberta

Onde está a catarse?
Ela nos foi prometida
Onde está o vinho, a embriaguez, a dança, o teatro, a poesia?
Cadê a revolta?
Dê-nos uma noite de luxuria e prazer

Manzarek toca seu teclado
Blake procura a sabedoria
Ginsberg se perde no emaranhado nietzschiano
Rimbaud fora à África porque não havia nada pra ele aqui
Jim Morrison cantou o fim

Homens e mulheres
Estão de mãos dadas
A vida chama
O sexo chama
O xamã aconselha
A gente quer o mundo
E o quer agora

Costumávamos acreditar nos bons e velhos tempos
Na porta que se abriu, na música do Doors, na poesia de Blake
Costumávamos acreditar no paraíso de bucetas e caralhos
Que libertam e revigoram o mundo
A liberdade existe apenas nos livros de História
Os loucos correm de nossas prisões
Você sabia que somos controlados pela TV?

Poderíamos inventar nossos próprios reinos
Nossos deuses
Nossos mitos
Nossos símbolos
Ao invés de querermos
Decorar as revistas com fotografias frívolas

Donzelas choram suas dúvidas em frente ao televisor
Ah, estou farto de dúvidas e questionamentos
(Estou farto de rostos melancólicos e monótonos
Olhando para mim do televisor)
Eu quero o mundo
E o quero agora

A morte vem sem avisar
Ela simplesmente bate à porta
Mas não como uma garota que levou-lhe à cama
Quando estava embriagado de divagações e contestações poéticas, existenciais e filosóficas
A morte faz-nos de anjos e dá-nos asas onde tínhamos apenas garras
Não há dinheiro, não há vestidos caros, não há bailes cheios de gente empunhando taças de champanhe

“O filme vai começar em cinco segundos”, anunciou a voz
Esperamos a luz apagar, e ouvimos:
“Todos irão aguardar o próximo espetáculo”, disse o ator
Mas não há próximo espetáculo

É o fim, amigo
É o fim, garota
É o fim da catarse, do dionisíaco, do apolíneo
É o fim

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Alguma semelhança?

Aluno de Direito da PUC parte para cima de estudante de Jornalismo. No momento do bate-boca, ela segurava seu smartphone. O rapaz acusou-a de “petismo"

Marcelo Filho tem braço ferido em confusão. Foto: Blog Arquivo Direito

“Só podia ser petista”, esbraveja um estudante de Direito, com Vade Mecum em mãos. O sujeito aproximou-se de Maria Luíza, estudante de jornalismo da PUC (Pontifícia Universidade Católica), com o dedo em riste, as veias do pescoço saltadas e agredindo o vernáculo, com todo o chulismo que lhes são marca registrada. Um dos agressores, afinal, era fã de Jair Bolsonaro, a quem denomina como “mito”.

Na última quinta-feira, 31, a Chapa 1 elegeu-se para comandar o C.A (Centro Acadêmico) de Direito. Não havia opositores. E nem o livre debate, fundamental para o exercício da democracia ou o Estado de Direito Democrático, que o agressor verbal e ameaçador se diz reverenciar. A Chapa 2 – que seria a oposição aos “mocinhos” do Direito – foi impugnada por “partidarização”. No tumulto, uma janela foi quebrada e cerca de cinco alunos não podiam sair da sala. De acordo com relatos, eles foram ameaçados.

Por alguns instantes, ficaram trocando olhares. Parecia que a qualquer momento alguém daria o primeiro golpe. E a pancadaria iria instalar-se sobre o pátio do bloco A, do Campus V da PUC. Ao perceber o tumulto, caminhei em direção ao rapaz que empunhava o Vade Mecum. Antes que eu raciocinasse qualquer coisa, um cara com óculos de grau redondo, brinco na orelha, camiseta preta e calça escura encostou a testa ante a do agressor. Raphael Ribeiro, estudante de Jornalismo, estava no cenário do fato. Ele perguntou ao segurança o que havia acontecido. O sujeito não lhe disse nada com nada, apenas enrolou, sem dar nenhuma explicação aceitável.

O integrante da comissão eleitoral reverberou que não houve dinheiro de partido em sua campanha. A baixaria corria solta, sem hora, nem local para acabar. Os gritos e xingamentos pareciam um show à parte, cujos atores eram estudantes, sem respeito, compaixão, amor, sapiência e sabedoria. Ler, apenas, o Vade Mercum e encher os bolsos de dinheiro não ajustará os problemas do Brasil. É preciso usar a lógica, sem fanatismo, muito menos pedantismo elitista.

No último dia 6, essas mesmas pessoas – acostumadas com os privilégios da Casa Grande e Senzala – saíram às ruas para protestar contra a corrupção. Eles reuniram-se, com camisetas verde e amarela da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em frente à Praça Tamandaré, no Setor Oeste, e caminharam à Delegacia da Polícia Federal, no Setor Marista. Gritaram e defenderam a Lava-Jato. "Deixem o Moro fazer seu trabalho", alardearam.

História

“Nosso maior patrimônio é a democracia. Não temos de aceitar o golpe”, afirmou Orlando Afonso, no último dia 11, na Faculdade de Direito da UFG, em ato contra o espírito golpista e reacionário que toma conta do País. Segundo o reitor, tem-se de relembrar o golpe de 1964, articulado pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e mídia, que levou João Goulart a renunciar. 

Jango – como era conhecido o então presidente – fizera discurso na Central do Brasil e prometera acelerar as reformas de base. Alguns dias depois, acontecera a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que “defendia a democracia”. O desfecho todos conhecem. Foram intermináveis vinte anos de ditadura, com muito sangue derramado e escondido nos porões dos quartéis.

Em 2 de abril de 1964, o Jornal O Globo, em editorial, defendera o governo militar. “Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições”, afirmava o veículo da família Marinho. Na televisão, a Globo narrava o que interessava ao governo e vendia à sociedade a existência de um milagre econômico. 

Em 1984, no ápice das Diretas Já, a emissora negou-se a cobrir as manifestações a favor da Emenda Dante de Oliveira. A reportagem que fora ao ar no Jornal Nacional mostrava que a população estava reunida na Praça da Sá para comemorar o aniversário da cidade. No impresso, Roberto Marinho nem fez questão de esconder sua veia antidemocrática. Em editorial, ele disse que o melhor ao país era continuar a ditadura. O atual Diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, gabou, em A Globo não fez campanha, fez bom jornalismo, da atuação da emissora na cobertura das Diretas Já.

“Não escrevo para elogiar o ‘JN’. Escrevo porque, em uma daquelas chamadas, uma pequena imagem do repórter Ernesto Paglia pode ter contribuído para rechaçar de vez uma das mais graves acusações que o ‘JN’ já sofreu: a de que não cobriu o comício das diretas, na Praça da Sé, em São Paulo. Uma acusação que está, inclusive, em muitos livros”, escreveu.

Contexto político

Ronaldo Caiado sequer foi visto em Goiânia, nas manifestações pró-impeachment. O deputado do DEM (Democratas) prefere ir a São Paulo, na avenida Paulista do que jorrar seu reacionarismo em sua cidade, capital do Estado que sua família mandou e desmandou no início do século XX, e que nomeou Leonino Di Ramos Caiado ao governo do Estado durante a ditadura militar. Os Caiados adoram um autoritarismo, sentem-se confortáveis na tirania. Quanto mais para poucos, melhor.

Em 11 de março, o Partido dos Trabalhadores (PT) e Movimentos Sociais – CUT, MST, Mtst, Fenaj – defenderam a democracia. A mobilização começara na Faculdade de Direito da UFG (Universidade Federal de Goiás) e contara com a presença do Reitor Orlando Afonso, do prefeito Paulo García, da vice-presidenta regional da UNE (União Nacional dos Estudantes) Deborah Evellin, além de líderes de movimentos rurais. Todos tinham na ponta da língua ‘não vai ter golpe’. 

Idolatrado por jovens direitistas, o deputado federal Jair Bolsonaro coleciona sadismo político e intelectual. Ex-militar, o parlamentar, todo ano, exalta o Golpe Civil-Militar de 1964. “O erro da ditadura foi matar, e não torturar”, esbravejou. “Pinochet devia ter matado mais gente”, disse, sobre a ditadura de Augusto Pinochet, uma das mais cruéis do cone sul. O ditador chileno fez do Estádio Nacional do Chile um campo de concentração aos moldes de Auschwitz, na Polônia, que incinerara milhares de judeus.

Eleições do C.A

Em nota, a União Estadual dos Estudantes (UEE) afirmou que repudia as eleições que aconteceram no Centro Acadêmico Clóvis Bevilacqua (CACB). Para a entidade, a comissão eleitoral dirigiu todo o pleito e beneficiou a chapa 1. “Nós, estudantes de Direito da PUC-GO, repudiamos todo o processo de construção da eleição do Centro Acadêmico Clóvis Bevilacqua (CACB), que ocorreu de forma antidemocrática, ilegítima e tendenciosa”, escreveu.

Heitor Soares ficou preso dentro da sala por várias horas. Para ele, os opositores não conseguiram inscreve-se e, por isso, tentaram impedir a eleição. Ele ainda denominou-os de “petista” e disse que não defendem a democracia. “Nesta escola política, além de ensinamentos filosóficos e sociais - que de nada servem, pois não são utilizados - são ensinados também táticas de confronto físico, que nada se aproximam do debate propositivo de ideias”, afirmou. 

O estudante Marcelo Filho sofreu um corte no braço direito e foi encaminhado ao hospital. Heitor Sores, amigo de Marcelo, afirmou que a estrela petista brilha cada vez menos, e os militantes, por isso, partem à violência. “A estrela petista brilha cada vez mais fraca dando-os a motivação necessária para atos unilaterais e violentos”, disse. “Não se enganem por aqueles que dizem lutar pela democracia.”

“A União Estadual dos Estudantes Goiás (UEE-GO) não compactua com a arbitrariedade como foi dirigido o processo eleitoral do CACB e não compactua com a falta de democracia e diálogo com as partes envolvidas. Repudiamos todo e qualquer tipo imposição de dirigentes no Movimento Estudantil”, afirmou Suellem Horácio, vice-presidenta da UEE. 

Reportagem originalmente publicada no Diário da Manhã, no último sábado. 

domingo, 10 de abril de 2016

O mito de Sisifo - Albert Camus

Capa

“Como as grandes obras, os sentimentos mais profundos sempre significam mais do que a própria consciência”. Este é Albert Camus. Este é O mito de Sisifo. Lançada em 1941, a obra é considerada a chave do pensamento de Camus. Ele fala a morte, a vida, a razão. Aliás, Camus desconfia dela. Ate aí tudo bem. Hume a questionara, na Idade Moderna. 

Se não há Deus, se todas as filosofias falham em trazer a felicidade, se a morte é o fim de tudo; qual é o sentido vida? Não pode-se negar a influência e a sutileza de Camus, em O mito de Sisifo. Mesmo sem crer em Deus, o artista consegue trabalhar emoções que tendem ao místico. Um poeta não precisar acreditar em Deus, por exemplo. Ele mostra que há beleza no mundo, por meio de sua obra.

Camus oferece-nos, como resposta, o homem absurdo. E divide-o em três sujeitos: o Don Juan, o Ator e o Conquistador. Todos estão à mercê da derrota final, mas agem para firmar-se. Todos estão condicionados a tarefa da repetição. A Morte de Sisifo é a metáfora que abraça este problema.

Sisifo era o mais astuto dos mortais. Vivia a desafiar os deuses. Enganou a morte por várias vezes. Driblou Tânatos e Hades. Ao morrer, fora considerado um rebelde e fora condenado, pelos deuses, a empurrar uma pedra até o pico da montanha. Toda vez ela caí, Sisifo tem de começar o trabalho de novo.

Por este motivo, a tarefa que envolve estes esforço passou a ser chamada de “trabalho de Sisifo”. A eterna busca do homem por sentido à vida, eis um esforço inútil. Há outros esforços inúteis no mundo, como as teorias que pretendem transformá-lo.

Equivocadamente, denomina-se Camus um autor pessimista.Sua obra tem como pano de fundo o absurdo e uma proximidade com autores que o antecederam, como Dostoievski e Kafka. Outros importantes escritores e dramaturgos que pertenceram a este movimento, conhecido como estética do absurdo, foram Samuel Beckett e Eugene Ionesco.

O homem absurdo, que reside na tradição filosófica do bom costume, não se ilude e tem o fim como certo. Isto traz-lhe a vantagem de não enganar-se. Segundo Camus, ele age como Don Juan:

Para entender bem Don Juan, é preciso referir-nos sempre ao que ele simboliza vulgarmente: o sedutor comum e o mulherengo. Ele é um sedutor comum. Mas com uma diferença: é consciente, e portanto é absurdo. Um sedutor que adquiriu lucidez não mudará por isso. Seduzir é sua condição.


Sobre o ator, Camus disse que ele nos deixará apenas uma fotografia, caso não tenha reconhecimento:

O ator escolheu, portanto, a glória incontável, aquela que se consagra e se experimenta. É ele quem extrai a melhor conclusão desse fato de que, um dia, tudo tem de morrer. Um ator tem sucesso ou não o tem. Um escritor mantém uma esperança mesmo se é desconhecido. Supõe que suas obras testemunharão o que ele foi. O ator nos deixará, no máximo, uma fotografia e nada do que ele era: seus gestos e seus silêncios, seu fôlego estrito ou sua respiração no amor não chegarão até nós. Não ser conhecido dele é não representar e não representar é morrer cem vezes em todos os seres que ele teria animado ou ressuscitado. (É digno de nota ressaltar que ele escreveu sobre o ator do teatro)

E, por último, Camus discorreu sobre O conquistador. Nesta metáfora, ele alardeia que o homem tem de viver seu tempo:

É necessário viver com o tempo e morrer com ele ou se subtrair a ele para uma vida maior. Sei que se pode transigir e que se pode viver no século acreditando no eterno. Isso se chama aceitar. Mas essa palavra me repugna, e eu quero tudo ou nada. Se escolho a ação, não pense que a contemplação me seja como uma terra desconhecida.

Camus considera que autores existencialistas, como Kierkgaard e Satre, fracassaram em tentar resolver o conflito entre o ser humano racional e irracional. 







terça-feira, 5 de abril de 2016

Ode ao amor

O golpe pode até dar certo. Há muita grana da FIESP e a narrativa da grande mídia, com seu lead condenador. Mas nada é tão bom como ver Luís Fernando Veríssimo escrever suas crônicas dominicais no Estadão e O Globo e Juca Kfouri abordar o contexto político utilizando o futebol como metáfora na Folha. A gente pensa que já viveu tudo, que já viu tudo, que já leu tudo, que já escreveu tudo. Ledo engano, caro leitor.

Que bom. Estamos vivos. Estamos com desejo. Estamos com vontade de aprender a entender o desvairado cenário político que assola-nos. Pelo menos assim tinha de ser. Letícia Sabatella, em encontro com a presidenta Dilma Rousseff, na última sexta-feira, disse que não compactua com os ideais do governo petista, e nem por isso apoia o golpismo. “Sou oposição ao seu governo, presidenta Dilma”, afirmou a atriz. Que maravilhosa! Letícia, além de encantar-nos com seus personagens e beleza, ainda interpreta com sensatez o momento político.

Gente raivosa e odiosa comenta as notícias na internet e destila as mais manjadas interpretações dos fatos. Soa-nos estranho ver sensatez e sensibilidade. Kfouri fez isto, na Folha, no último domingo. “Se você acha que vale arriscar só para ver o rival derrotado, lamento dizer que não estamos no mesmo time", escreveu. Com o estilo e delicadeza que lhes são característicos, Kfouri chamou a atenção ao Fla x Flu que toma conta da cena política. Discursos conhecidíssimos. Gritos ensandecidos e histéricos. A velha e conhecida verborragia petista e tucana, confrontam-se diante do preocupante revés político. Quem é a vilã e o mocinho?

Eduardo Cunha, o guru da moral e dos bons costumes, verdadeiro símbolo da ética parlamentar, acelerou o impeachment para escapar de processo que tramita no STF. Ele é acusado de desviar dinheiro para a Suíça, e levá-lo. Este sujeito, cujos ideias são a chantagem e a barganha, vai julgar a presidenta. Dá para acreditar? Além dele, Aécio Neves – que construíra aeroporto em Minas Gerais com dinheiro público – e Ronaldo Caiado – símbolo da Casa Grande - são ferrenhos apoiadores do impeachment. Caiado, dispensa comentários. E Aécio achega-se em Michael Temer com o propósito de arrumar um cargo no possível governo dele.

AMOR

Cada vez menos a gente o vê. Ninguém o prega. Quando mais chulo e raivoso, melhor. Todos falam as mesmas coisas, nos mesmos lugares. Nos pontos de ônibus. Nas universidades. Nos bares. Eles estão aí, ao seu lado, e não tem compaixão alguma. Não entendem de arte. Não sabem que a mulher tem cerca de 8 mil terminações nervosas no clitóris. Não sabem satisfazê-la, nem adorá-la. “Essa Dilma é uma vaca, e tem que sair”, bradam, em plenos pulmões, das sacadas de seus milionários apartamentos. E, no bar, condenam o machismo. Paradoxal, né?

A beleza emociona-me. Sinto-me revigorado ao contemplar um Dali. Ou a assistir um Traffaut. Ah, já que toquei no cara que nascera para filmar o amor, Uma mulher para dois (Jules et Jim, em francês) é um dos filmes mais sensacionais da sétima arte. Verdadeiro ode à fraternidade, à benevolência e ao afeto – tão em falta nestes tempos de repulsa, raiva e ódio. Uma mulher para dois é o que falta para esta galera que saí por aí saudando o militarismo e empunhando teorias fascistas.

Se o lead da grande imprensa mata-nos, o amor liberta-nos. Reich – discípulo de Freud – afirmou que uma boa gozada é libertador e revolucionário. A gente expressa um contentamento ou reivindica algo, ao gozar. Eu queria que gozássemos mais. Que deixássemos a futilidade de lado. E olhássemos para dentro de nós. Avaliássemos nossa existência. Vamos abraçar o mundo, e vamos abraçá-lo agora, como cantou Jim Morrison.

Vivamos o amor.