segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Minha porta de entrada ao rock

Barão em 1989
Algumas bandas são fundamentais. Barão Vermelho, pra mim, é o melhor conjunto do rock and roll nacional. Através deles, descobri a essência do rock, e o próprio rock. Meu mundo musical abriu-se. Passei admirar Janis Joplin, Jefferson Airplane, Rolling Stones, Led Zepplin, Pink Floyd e a enxergar a sociedade sobre uma nova perspectiva. Passei a criticar tudo.

Lembro-me da primeira vez em que ouvi Frejat, Guto Goffi, Maurico Barros e Dé. Era no álbum Carne Crua, de 1994. Sem Cazuza nos vocais, que havia morrido há 4 anos. Mas era um disco influenciado pelo Grunge. Tinha uma sonoridade única, pesada. Porém, sensacional. Meus bons amigos, está nele. Foi o single e o carro-chefe do trabalho. Tocou incessantemente nas rádios pelo Brasil. Outra música, igualmente bela, é a faixa Daqui por diante. Não se trata de um sucesso radiofônico, mas sim, de uma das mais significantes músicas do disco. E da carreira do Barão.

Após Carne Crua, decidi aprofundar-me na obra do conjunto. Descobri os trabalhos da época de Cazuza. Primeiramente, Barão Vermelho, primeiro disco. Registro primordial e tipicamente adolescente, como disse Frejat, no programa Ao Som do Vinil, de Charles Gavin: “É o registro perfeito de um monte de garotos tocando em um estúdio, sem ter a menor ideia de como se faz isso”. É o Barão na sua originalidade. Depois veio Barão Vermelho 2. Segundo Guto Goffi, Mauricio Barros e Dé, trata-se de um disco frio. Nele havia Pro dia nascer Feliz, hino da geração 80.

No ano seguinte, 1984, o Barão lançou Maior Abandonado. Outro disco que marcou-me. Ouvia-o incessantemente na adolescência. Adorava ouvir Cazuza cantar “mais uma dose/é claro que eu estou fim/ a noite nunca tem fim/ por que a gente é assim? Confesso que não entendia a letra muito bem. Ficava imaginando o Barão, nos idos de 82, 83, 84. Queria ter uma banda. Só que eu morava em uma cidade do interior, que ninguém (a não ser este cronista) ouvia rock.

Em um natal, cujo ano não me recordo, fui presenteado com o DVD Barão Vermelho no Rock in Rio de 85. Decorei o marking of, tamanha a frequência com que o escutava. Com o passar dos anos, passei a compreender a importância daquela apresentação para a História do Brasil. Os barões tocaram no dia em que Tancredo Neves fora eleito, pelo colégio eleitoral, presidente da república. Recentemente, falei sobre o show com certo afinco em uma aula na faculdade. Comecei a discorrer, e não parei. Disse sobre a banda. Sobre a linguagem do rock. Todos me olhavam, sobretudo meus amigos. Mas, como todo fã, não estava nem aí.

No entanto, o disco mais importante do Barão, na minha humilde ótica de fã, é o Barão Ao vivo, de 1989. Um ano antes, eles haviam lançado Carnaval. Os cariocas deixaram às rádios, depois que Cazuza saiu. Carnaval apresentou o caminho. E é um álbum em que os rapazes flertaram com o Hard Rock. Pense e Dance fora a música de trabalho do disco. Já Barão Ao Vivo é a junção da veia roqueira de Carnaval, com o preciosismo que eles tem ao vivo. O disco reúne os principais clássicos do conjunto, até ali. Bete Balanço, Ponto Fraco, Por que a gente é assim, Não amo ninguém, Pro dia nascer feliz ganharam arranjos diferentes, pesados, roqueiros.

Ao longo desses anos, em que o mundo do rock clareou os meus dias, repudiei qualquer critica ao Barão. Defendo-os e não tenho o mínimo pudor disso. Aliás, acho que fã de verdade, deve fazê-lo. Barão é rock. Falem o que quiserem, não estou nem aí. Não mudará a minha convicção. Viva o Barão, porra!


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Há 24 anos, a música chorava


Há 24 anos, a música sofrera um golpe. John Lennon, o rebelde beatle foi apunhalado por um lunático chamado Mark Chapman, que disparou vários tiros contra si. Lennon caíra, morto. A música, escorria lágrimas, e sentia a dor da perda de um dos maiores talentos artísticos do século XX.

Juntamente com McCartney, formou uma das maiores parcerias da história do rock. Compôs vários sucessos. Vendeu milhares de discos. E disse, tudo aquilo que o mundo queria falar, mas de certo modo, não podia. Lennon brilhou. E como toda estrela, apagou.

Agora, 24 anos depois, resta-nos, simplesmente admirar as suas composições. Através delas podemos perpetuá-lo em nossas mentes e corações. Lennon, faz falta no mundo careta e desenfreado de hoje.

Em 1972, em plena Guerra do Vietnã, abordou uma temática pouco convencional para a época: o feminismo. Em Some times in New York, tratara sobre a hipocrisia machista. O disco contou com a participação de Yoko Ono, acusada de ser a causa da separação daquela que é tida como a melhor banda de rock and rol de todos os tempos, os Beatles.

Durante sua careira, cantou psicodelia. Participou da Invasão Britânica, no início dos anos 60. Tomou LSD. Bebeu. Inconformou-se com o mundo, como toda mente genial. Separou-se dos Beatles, em 1970. Mas o último disco gravado com os rapazes de Liverpool, Abby Road, de 1969, prenunciava que o fim estava próximo.

Na década de 70, lançou-se em carreira solo. Manifestou-se contra a violência, como a notória fotografia de 1969, em que está sob a companhia de Yoko Ono, deitado sobre uma cama, em protesto contra a guerra. Lennon era assim. E ainda bem. O mundo, só tem a agradece-lo, por um dia ter pisado sobre a Terra.

Artista rebelde, poderia contentar-se com uma vida típica da classe média. Mas a sua mente inquieta, não deixou-o. Ele estava predestinado a seguir os trilhos da música e da arte. Casou, pela primeira vez, em 1965, com Cynthia Powell. Porém, o destino lhe reservara outra companheira. Yoko Ono, artista plástica e, assim como ele, detentora de uma consciência política, seria a mulher de sua vida.

Em 8 de dezembro de 1980, em Nova Iorque, John Lennon foi surpreendido. Um fã veio em sua direção, pediu um autografo. O músico deu. E logo em seguida, levou cerca de oito tiros.


Lágrimas. Tristeza. O mundo perdeu um gênio. A música, igualmente. Como consolo, ligamos a vitrola. Lennon, eternamente será lembrado. 

Some times in New York disco 1: https://www.youtube.com/watch?v=CkrSa7FpdLM
Some times in New York disco 2: https://www.youtube.com/watch?v=OK8oR8N_Ozg