quarta-feira, 19 de abril de 2017

Você deixaria de transar por questões de classe ou gramaticais?

Nem a pau.

Desculpe-me pela minha grossa e ignorante construção frasal.

Mas não dá. Simplesmente não consigo agir educadamente quando um sujeito diz que deixaria de lado horas de prazer por causa de uma frase vulgar – ou pela condição socioeconômica da mina.

Não dá.

Aliás, este mundo me intriga tal como um jogo do Vila em semifinal do campeonato goiano.

Você deixaria de transar por questões gramaticais ou ideológicas?

Acrescento mais: você deixaria de transar por divergências estéticas (gênero musical, literário, poético) - ela nunca viu um filme de Truffaut nem o melhor cinema do planeta, o brazuca, é claro.

Estou, perdão Altemar Dutra, sentimental – ou melhor, “sentimental eu sou/ eu sou demais”. Meu coração se despedaça como um time de futebol após o final da temporada, cujo elenco é todo desmantelado.

É boxante? Ou brochante? Do ponto de vista gramatical, as duas formas ortográficas estão certas para descrever o fracasso masculino. Tanto faz, como diz Reinaldo Moraes – aliás, este escriba cretino recomenda a obra aos machos assépticos sexualmente.

Que broxante que nada, puta que pariu!

Você prefere um pau molíssimo que sabe tudo sobre a Escola de Frankfut ou um pau de princípios que te pega todinha, te faz mulher, como canta Agepê – com todo perdão, amigas feministas, pois não há como lhes fazer mulher, como ensinou a camarada Beauvoir?

Sim, os pobres também amam. E como amam! Segura e plenamente amam, mas broxam. Pobre curte a coisa, tudo sabe de um trem desses – ah, que goiânes, cronista infeliz, mas cê não é paranaense?

Epa, mocinha, gostosinha, com muita delicadeza, intervenho: Também gosto de quem fala bonito – se a moça pôr no papel quatro frases apaixonantes e calientes já é suficiente para meu coração se derreter.

Mas reconheço que isso é puro elitismo, porque o brasileiro não é habituado a ler. Só põe na cabeça essas porras de cê cedilha e SS quem lê e pronto.

No amor e no sexo, amigo amante, fodedor, boêmio, ninguém é analfabeto. Ela concorda. Balança a cabeça, sorrindo.

O mundo está chato, limpinho e desnecessariamente pós-moderno. Dane-se a gramática e a norma cultura.

Indago: cê ficaria com um tipo que defende a tese de “bandido bom é bandido morto”?

Será que se você tiver com tesão mesmo, a fim para cacete, consideraria barreiras linguísticas, ortográficas, políticas, ideológicas, estéticas e de classes?

Este último conflito entre mulheres e homens de classes sociais mais abastadas já dilacerou meu coração... este mero servo das damas e das frases já escorou cotovelos nos botecos mais fuleiros, chorando por ela e ouvindo Crystian e Ralf na junkebox.

Então, você deixaria de transar por questões de classe ou gramaticais?

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