quinta-feira, 7 de julho de 2016

Dê-me uma noite de luxuria e prazer

Segurei-te às mãos. Fitei-te os olhos. Eles guardam um infindável quê misterioso. Fico confuso. Ao mesmo tempo em que a desejo, não sei muito bem como me comportar. Tua beleza prende-me, teu sorriso conquista-me, tua voz acalma-me. Ah, eu podia passar todos os meus dias a olhá-la e contemplá-la e adorá-la e venerá-la. Poderia escrever os melhores versos. Mas não sou Garcia Lorca, tampouco Vinícius de Moraes. Sou apenas um jovem poeta que sente o fim se aproximando. A gente nasce, cresce, ama e morre. A morte agarra-te, enquanto teu cigarro queima. Ela liberta-te, assim como o sopro de Miles Davis em seu trompete. O conceito de amor ao próximo - assim como o conhecimento - tornou-se uma célebre e valiosa propriedade privada. Homens e mulheres juram amor eterno. Porém, não há amor eterno. O casamento os enclausura e os cerceia a liberdade. Costumamos acreditar que há vida eterna, que encontraremos as respostas para nossas indagações e, por isto, renunciamos à vida, ao amor, ao desejo. Reprimimos nosso corpo, porque, como nos falam, ele causa repulsa e asco. Não se pode gozar. Não se pode bradar sobre o gozo. Não se pode fazer, simplesmente, um ode ao prazer. Reacionários cantam e ocupam as ruas e as telas das tv´s e propagam frases feitas e vazias. Tudo por interesses. Céline descobriu esses interesses, mas não soube o que fazer – e fez merda. Moça, segure minha mão. O paraíso está perto. O fim se aproxima. Eu preciso de uma noite de luxuria e prazer. A gente precisa de uma noite de luxuria e prazer. Dê-me uma noite de luxuria e prazer.  

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