sábado, 25 de março de 2017

Reforma da previdência e chatice da modernidade

Assinar a carteira de trabalho é uma sensação inenarrável. Melhor que transar. Por favor, discordo: a experiência do desvirginamento, com toda aquela tensão do cabaré, a escolha da puta, marca profundamente a vida de um homem. Depois esse dia, o sujeito nunca mais verá as coisas como antes.

De fato, o sexo só melhora com o tempo. Só que transar, ultimamente, parece um jogo perigoso. Mulheres afirmam que homens tem nojinho de se lambuzar. É difícil defendê-los, é claro, amiga leitora. Compreendo a indignação de vocês. Talvez um Bukowski poderia resolver o problema desses desalmados da porra.

Estou reflexivo por conta dos relatos que ouço de amigas. O mundo está chato – e certinho demais. Ora, qual o problema de o sujeito sentar-se no bar e gritar vendo futebol? Não pode. “Meu irmão é homossexual, qual é o problema? Não tô entendo esse negócio de você xingar o juiz de viado”, reclama uma amiga.

Nem tudo tem de ser levado ao pé da letra. Futebol, assim como a arte, mexe com as emoções humanas. Xingar o juiz, por exemplo, é obrigatório num jogo – até em campeonato de várzea o arbitro tem seu sexualidade questionada. Desencane... nem tudo precisa ser problematizado.

Daí minha indignação, mas nada fora do normal. Misturando-se a chatice da pós-modernidade, a reforma da previdência vai fazer com que trabalhemos por 35 anos – ou 65 de idade. Num país, cuja expectativa de vida beira pouco mais os 70, trata-se de uma medida desnecessária e cretina.

Sumariamente idosos e nostálgicos, botafoguenses e santistas já estão na previdência há anos. “O Santos jogava com Pele, Coutinho e Pepe”, conta, pela milésima vez, um tio. “Nós tivemos Garrincha e dominamos o futebol carioca no final da década de 50 e início da década de 60”, afirma um botafoguense. Bem, daqui uns anos não vai haver santistas e botafoguenses na previdência.

Ponto, parágrafo.... a primeira carimbada na carteira de trabalho a gente nunca esquece. Salário no final do mês, vale alimentação, refeição, férias remuneradas. Todas as regalias a que temos direito. Ao ser mandado embora da firma, há o seguro desemprego, fundo de garantia e FGTS.

Às vezes há aquela empresa que não lhe paga e, todo vez que você critica, eles justificam dizendo que o dinheiro vai cair na conta. Quando trampei num site, com milhões de acesso, não vi a cor sequer de uma cédula de R$ 5,00.

Com o tempo, sem grana e puto, resolvi ficar no bar em frente a redação. Bebia umas quatro, cinco latas de Bavária e subia. Bêbado, eu escrevia nariz de cera enorme, que causava revolta em meu chefe. Não durei muito por lá, lógico. Ainda bem.

Você aí, desgraçado, desalmado, infeliz, lamurioso já sofreu calote do patrão?

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