Amigo
torcedor, a gente se esqueceu de que o Brasil ainda é o País do futebol. Muita
gente ruminava com raiva e nostalgia: “já não somos mais a pátria de chuteiras”.
Eis que, do nada, alguns anos depois, Tite põe ordem na casa e a seleção
acumula sete jogos sem perder – com direito a estridente goleada no Uruguai, em
Montevidéu.
Jogar
bola é conosco. E não me venham falar sobre o futebol alemão e sua disciplina
tática. Brasileiro curte irresponsabilidade – sobretudo com a bola nos pés. Os
melhores craques que desfilaram pelos nossos campos são debochados: gingado é a
gente que sabe, e não os gringos. Ora, você acha mesmo que um alemão faria o
gol que Neymar fez?
Até
faria... o mais importante, todavia, é compreendermos que aos poucos estamos
recuperando nossa forma de jogar. Apenas nós somos pentacampeões. Nossa camisa
é tão pesada que entorta um varal. E digo mais: foi a seleção canarinho que
apresentou a malandragem para o mundo – afinal, não há como ganhar jogos,
especialmente clássicos, com bondade no coração.
Na
última quinta-feira, 23, a seleção brasileira sacudiu o Uruguai, fora de casa,
e praticamente selou a vaga para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Deu gosto
de assistir. “Se fala muito em Bolsonaro, Lula, mas Tite deveria ser presidente
em 2018”, afirmou um amigo jornalista, enquanto estávamos assistindo o passeio
brasileiro, bebendo cerveja e criticando o lateral Marcelo, no bar da 12.
O
jornalista Alberto Dines, em 1984, criou a campanha “Tele Santana para
presidente”. Ninguém lhe deu ouvidos e, no ano seguinte, José Sarney assumiu a
presidência. O resto a gente sabe... hoje, vivemos uma crise de representatividade
e Tite alimenta o imaginário nacional com uma seleção que dá gosto de ver. “Ele
arruma tudo, só pôr ele na presidência”, declarou meu amigo, entre mordidas num
disco de carne e tragos numa pinga de canela temperada a cerveja.
Em
2014, a gente não podia ir longe na Copa. O time era defasado, isto é, ruim. A trágica
companha em casa virou um problema porque não tínhamos alma. Era tudo nas
costas de Neymar, que resolvia. Não resolvia porque ao seu lado estava Fred e
Bernard, o “menino que tem alegria nas pernas”, mas que jamais jogou bola no
Mundial. Por fim, não menos ridículo, o xerife Thiago Silva chorou quando a
partida contra o Chile, pelas oitavas-de-final, foi decidida nos pênaltis.
Zagueiro que chora: dá pra acreditar?
Vou
dizer o exato momento em que o Brasil passou a ser Brasil, novamente: foi
quando Tite ocupou o lugar de Dunga e alinhou o meio-de-campo com Paulinho
jogando muito bem. O volante fez três gols, contra a celeste olímpica, sendo um
deles um golaço daqueles que mereciam uma estátua em Montevidéu. Uma pintura!
Ali,
despontou o verdadeiro Brasil. Talvez ninguém tenha se atinado a isso, mas o
Brasil agora será outro – sem dúvida. Após muito tempo, o brasileiro virou que
sua seleção – falem o que falem – é a melhor do mundo. Simples assim.
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