sexta-feira, 10 de março de 2017

Não pense duas vezes: gaste tudo com ela

Paulo Mendes Campos falou e está falado: “O amor acaba”.

Diante disso, tenho de contrariar os economistas de plantão: torre grana – sem medo, nem vergonha. Essa velha retórica de que estamos em crise e o orçamento tem de ser reduzido mais parecem histórias pensadas pelos teus chefes na firma.

Saque o FGTS, vá para uma viajem com ela e torre-o numa lua de mel. Deixe os credores de lado – principalmente os bancos, que lucram horrores na crise. Compreendo que cidadãos louváveis pagam suas dívidas em dia, mas um calote de vez em quando, convenhamos, não faz mal a ninguém.

O amor acaba, amigo, viva-o como se cada segundo fosse o último de sua vida. Nem que seja um piquenique, um filme, uma peça de teatro do Tio Nelson – faça alguma coisa, hombre de diós. Acredite: não há nada pior que a sensação de insuficiência e incapacidade proporcionada pela leseira amorosa.

Deixe de lado o timão. Você sabe que ela, além de odiar teus hábitos boêmios, não suporta vê-lo esparramado pelo sofá, com a cerveja na mão e a TV ligada na partida contra o Luverdense. É o atestado para o óbito amoroso. Qual mulher suportaria presenciar o sujeito numas condições dessas?

Este animal que vos escreve não se cansa de levar tombos no amor, mas não se sente vergonha alguma – porque apenas a fossa humaniza o homem. Coleciona hábitos ridículos e pouco modernos. Assiste jogos em bares, xinga, grita se emociona facilmente. Sou um cronista de costumes com o coração doendo, e ouvindo Odair José às 19h.

Mas o que vale a pena mesmo são os momentos com a moça ou o moço. Momentos fervorosos – o verdadeiro ápice do prazer entre quatro paredes.

Pena que temos medo de amar. Nos preocupamos com o boleto no fim no mês, todavia a vida, caro mão de vaca da porra, não é uma operação de multiplicação e divisão, tampouco um banco. Saí da tua zona de conforto, abrace-a, beije-a e ame-a.

Vale o estrago. Vale tirar o time da retranca – e partir para cima, como jogava o saudoso Brasil dos anos 50 e 60. Você não morrerá rico, seu ordinário, por causa de R$ 1,000 gastos numa noite de palpitações malucas, entre tragos, tragados e sussurros lascivos.

Mais uma vez: que me desculpem os economistas e suas explicações, mas, como me soprou Paulo Mendes Campos, o amor acaba – inevitavelmente. Não existe responsabilidade financeira no amor, meu caro.

Uma loucurinha, vamos combinar, não faz mal a ninguém. Haja irresponsabilidade deste cronista hijo de puta – mestre em desastres financeiros, amorosos e espirituais. O amor trepidante, glorioso leitor, acaba como O filho de João e Maria, que toca no alto-falante.

O amor estagnado cria o inevitável vínculo à monotonia. Melhor, atesto, bem menos doloroso e trágico – a morte no cartão de crédito – do que chorar lagrimas de um pé-na-bunda, ou, ainda, ser trocado por outro.

Vai por mim: faça algo.

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