Paulo Mendes Campos falou e está falado: “O amor acaba”.
Diante disso, tenho de contrariar
os economistas de plantão: torre grana – sem medo, nem vergonha. Essa velha
retórica de que estamos em crise e o orçamento tem de ser reduzido mais parecem
histórias pensadas pelos teus chefes na firma.
Saque o FGTS, vá para uma viajem
com ela e torre-o numa lua de mel. Deixe os credores de lado – principalmente os
bancos, que lucram horrores na crise. Compreendo que cidadãos louváveis pagam
suas dívidas em dia, mas um calote de vez em quando, convenhamos, não faz mal a
ninguém.
O amor acaba, amigo, viva-o como
se cada segundo fosse o último de sua vida. Nem que seja um piquenique, um
filme, uma peça de teatro do Tio Nelson – faça alguma coisa, hombre de diós.
Acredite: não há nada pior que a sensação de insuficiência e incapacidade
proporcionada pela leseira amorosa.
Deixe de lado o timão. Você sabe
que ela, além de odiar teus hábitos boêmios, não suporta vê-lo esparramado pelo
sofá, com a cerveja na mão e a TV ligada na partida contra o Luverdense. É o
atestado para o óbito amoroso. Qual mulher suportaria presenciar o sujeito numas
condições dessas?
Este animal que vos escreve não
se cansa de levar tombos no amor, mas não se sente vergonha alguma – porque apenas
a fossa humaniza o homem. Coleciona hábitos ridículos e pouco modernos. Assiste
jogos em bares, xinga, grita se emociona facilmente. Sou um cronista de
costumes com o coração doendo, e ouvindo Odair José às 19h.
Mas o que vale a pena mesmo são
os momentos com a moça ou o moço. Momentos fervorosos – o verdadeiro ápice do
prazer entre quatro paredes.
Pena que temos medo de amar. Nos
preocupamos com o boleto no fim no mês, todavia a vida, caro mão de vaca da
porra, não é uma operação de multiplicação e divisão, tampouco um banco. Saí da
tua zona de conforto, abrace-a, beije-a e ame-a.
Vale o estrago. Vale tirar o time
da retranca – e partir para cima, como jogava o saudoso Brasil dos anos 50 e
60. Você não morrerá rico, seu ordinário, por causa de R$ 1,000 gastos numa
noite de palpitações malucas, entre tragos, tragados e sussurros lascivos.
Mais uma vez: que me desculpem os
economistas e suas explicações, mas, como me soprou Paulo Mendes Campos, o amor
acaba – inevitavelmente. Não existe responsabilidade financeira no amor, meu
caro.
Uma loucurinha, vamos combinar,
não faz mal a ninguém. Haja irresponsabilidade deste cronista hijo de puta –
mestre em desastres financeiros, amorosos e espirituais. O amor trepidante,
glorioso leitor, acaba como O filho de
João e Maria, que toca no alto-falante.
O amor estagnado cria o
inevitável vínculo à monotonia. Melhor, atesto, bem menos doloroso e trágico –
a morte no cartão de crédito – do que chorar lagrimas de um pé-na-bunda, ou,
ainda, ser trocado por outro.
Vai por mim: faça algo.
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