sábado, 25 de fevereiro de 2017

As balzaquianas

De repente elas se tornam balzaquianas, mas poucas leram a Mulher de trinta anos, do francês Honoré de Balzac, escrito há de mais de 150 anos. Veja o que ele diz:

“Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.

Bem... outra francesa, Madame Bovary, trintona, era extremamente maravilhosa, tanto que Flaubert, seu criador, disse nos tribunais: “Madame Bovary c´est moi”. E Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo aos 30 e poucos? E Alessandra Negrini que deixou marmanjos boquiabertos no início dos anos 2000 ao ser capa da Play Boy e, ano passado, fez homens de todas as faixas etárias babarem ao lhe ver desfilar no carnaval paulistano?

Voltemos a nossa mulher de trinta, a mulher tropical, a que você encontra com o filho na porta da escola ou bebendo uma cerveja no bar, sozinha. Sim, mulher de trinta bebe cerveja sozinha! Mulher de trinta não tem pressa porque já passou a inexperiência de querer tudo agora. E sabe o que as deixam mais encantadoras? Elas parecem nunca perder aquele jeitinho dos 20.

A mulher de trinta está quase se casando. Ou se divorciando, depende. Até os quarenta ela ficará sozinha, curtindo a vida. Depois, aos quarenta e dois, quarente e três, ela vai à procura do pretende definitivo. Mulheres de trinta são charmosas, que vivem espalhando sabedoria e derretendo o coração de muitos caras por aí.

Elas são calmas. Não se afobam para se despir, nem para transar. Tudo é muito tranquilo. A mulher de trinta anos já viveu as experiências dos vinte – a tal da afobação feminina. Nesta idade, é comum encontrar mulheres que dispensam o cara após uma foda. “Ah, não sou obrigada a me relacionar com quem é ruim de cama”, exclamam elas, aos vinte. “Sexo é relativo, gatinho. O que é bom pra mim, às vezes não é tão bom para você”, afirmam elas, aos trinta.

A mulher de trinta não faz plástica, apenas cuida do corpo. Algumas até tem barriguinhas, que acentuam sua beleza. Ela não fica apenas por ficar, mas quando fica faz sexo como se fosse pela última vez. A mulher de trinta morde, grita, sussurra. Ela não finge orgasmos só para lhe deixar com o ego amaciado, ela mata-o logo de uma de vez, seja um jovem, aos dezoito, ou um velho, aos sessenta.

E as costas da mulher de trinta anos? Mais parece pele de pêssego, como diz Machado de Assis, referindo-se a Helena, protagonista de romance homônimo. E os pêlos pubianos? Levemente aparados, mas não lisos, como as de vinte gostam de deixá-lo, não me pergunte por que.

Todavia o que mais me fascina nas mulheres de trinta é a independência. Moram sozinhas e cultivam o frescor das de vinte e a responsabilidade das de quarenta. Adoram pétalas e animais de estimação – algumas excessivamente, é verdade. Curtem janelas abertas, e no som sempre rola um Serge Gainsbourg, Frank Sinatra ou Taiguara.

Amam quem querem, quando querem, como querem. Seja no banco do carro, no conforto do quarto ou nas regalias do motel. E o mais fundamental: do jeito que querem.

Sábio Balzac: “A mulher de trinta anos satisfaz tudo”.

O que tem as mulheres de trinta anos? Sinceramente, não sei. Experiências, talvez.

Ponto. Era apenas isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário