segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Eterno camisa 8 da Fiel

Felicitações, doutor
Amigo sofredor, amigo torcedor, há 63 anos nascia Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, um dos maiores craques – dentro e fora de campo – que o Brasil já viu.

Natural de Belém-PA e recém-formado em medicina, Sócrates chegou ao Corinthians em 1978. Mas o auge mesmo foi naquele timaço da democracia, com Wladimir, Casagrande e companhia, no biênio 82/83.

O doutor, aliás, só saiu do Corinthians porque a Emenda Dante de Oliveira fora aprovada pelo Congresso, em 1984. Democrata acima de qualquer coisa, ele declarou em comício pelas Diretas Já que se a ditadura continuasse iria embora. Dito e feito.

Uma pena. Meses depois, o Corinthians ficou órfão de seus toques de calcanhar e de seu posicionamento político.

Agora, se o amigo sofredor me perdoa, preciso me declarar para o eterno camisa 8 da Fiel.

Até hoje o futebol sente tua falta, doutor, acredita? “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”, afirmavas, inteligentemente.

Quando morreste, doutor, no dia em ganhamos o campeonato brasileiro, em 2011, chorei lágrimas tão pesadas quanto a labuta diária, porque sabia que o futebol perdera uma figura única. Ninguém mais criticará a rapidez dos jogadores hoje em dia, que tu tanto criticavas.

Infelizmente, não te vi jogar. Ah, como eu queria te assistir dar aqueles passes, jogar com aquela calma e elegância no meio-de-campo. Hoje, apenas me restam as declarações de meu avô, sofredor há sessenta anos: “Jogava com calma, tranquilidade, um gênio”.

Uma pena que em 1982, foste eliminado da Copa do Mundo pela disciplinada Itália de Paolo Rossi, que virara campeã, em cima da Alemanha Ocidental. Futebol tem dessas coisas mesmo... vai entender. 

Como tu dizias, não há que ficar preso apenas no aspecto tático, é preciso olhar com sensibilidade a subjetividade da partida.

Me lembrarei de ti eternamente por causa da Democracia Corintiana – o que me fez, sem dúvida, amar o timão acima de todas as coisas. Disputaste 298 partidas e fizeste 172 gols com o manto alvinegro.

Foste um gênio, deitaste contra o Palmeiras inúmeras vezes, enfrentaste o São Paulo outras tantas, time historicamente elitista, e sagraste bicampeão em cima deles.

Mas em 04 de dezembro de 2011, horas antes de enfrentarmos o Palmeiras, no templo sagrado do Pacaembu, tu morreste, magrão. “Quero morrer no dia em que o Corinthians for campeão”, declaravas.

E foi feita tua vontade. 

Como forma de te homenagear, os jogadores do timão ergueram os punhos, exatamente como fazias para comemorar os gols. Foi uma emoção que só vendo.

Felicitações, doutor.

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