Leila Diniz com barriga à mostra. |
Leila Diniz nasceu em 25 de março
de 1945, no Rio de Janeiro. Quando tinha sete anos de idade, seus pais
se separaram. Ela passou a viver com os avós paternos, e pouco tempo depois voltou a morar com o pai, que tinha casado de novo. Aos 15 anos, começou a
trabalhar como professora. Nunca completou o segundo grau – hoje ensino médio –,
por não se adaptar as regras dos pais dos alunos e da escola. Dois anos depois,
teve sua primeira experiência como atriz, na peça “Dirigida pela tesouro”,
dirigida por Domingos de Oliveira – seu marido.
O casamento de Leila e Domingos,
no entanto, durou apenas três anos. Nesse momento, ela passou a trabalhar como
atriz, atuando em novelas da Globo. Mas tarde, casou-se com o cineasta Ruy
Guerra, com quem teve uma filha, Janaína. Gravida da menina, Leila pôs um
biquíni e foi à praia de Ipanema, no Rio de Janeiro.Com a barriga à mostra chocou a todos, mas depois se viu que a atitude significou rompimento de um
tabu comportamental.
A antropóloga Mirian Goldenberg,
autora do livro Toda mulher tem um pouco
de Leila Diniz, disse, à Agência Brasil, que o comportamento da atriz ainda continua atual. “A Leila, simplesmente, queria viver a vida dela com liberdade,
com prazer, com vontade. Não foi uma militante, nem feminista. É por isso que
ela é tão contemporânea. Vivia a vida com liberdade, coisa que as mulheres não
fazem até hoje”, afirma. Para a antropóloga, Leila não expressava uma
sexualidade para ser sexy ou sensual. “Era uma sexualidade para o prazer dela.
Não é que ela não tinha preocupação, sabia que os outros julgavam e condenavam,
mas ela não abria mão de viver a própria liberdade. É isso que é considerado
revolucionário até hoje.”
A representante da Rede Mulher e
Mídia no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Raquel Moreno, afirmou que a
exposição da barriga foi um marco porque mostrou para as mulheres que elas não
precisavam temer a gravidez. “Saiu uma turminha de feministas
no Rio, entre as quais a Leila Diniz, de braços dados na calçada. Elas estavam
em cinco ou seis andando e dizendo, sozinha, eu? Como assim? Que história é
essa de que a mulher está sozinha na rua? Assim contestaram também a fala
recorrente de que as mulheres tinham que andar acompanhadas por um homem,
porque senão estavam pedindo alguma forma de violência”, lembrou Raquel Moreno.
Em 15 de novembro 1969, chegava
às bancas uma edição de O Pasquim, com uma entrevista de Leila. Jaguar, que foi
um dos entrevistadores, disse que Leila, de maneira natural, falou vários
palavrões durante a conversa. “Era o jeito dela falar. Aí optamos por manter as
características. Decidimos colocar um asterisco, entre parênteses, no lugar do
palavrão. Então, a entrevista parecia uma via láctea”, disse. Após a publicação,
o regime militar instaurou o decreto Leila Diniz. Perseguida, ela se escondeu
no sítio do amigo e apresentador Flávio Cavalcanti. A Globo, alegando razões
morais, não renovou seu contrato.
Leila Diniz morreu em 14 de julho
de 1972, em acidente de avião. Ela sobrevoava Nova Délhi, na Índia, quando
houve a explosão da aeronave. O falecimento da atriz causou comoção nacional e deu inicio ao mito da mulher revolucionária. “Eu sou uma explosão, mas com 100 anos vou
estar maravilhosa, vou estar cada vez melhor”, acreditava a atriz.
Jaguar cogitou o que Leila poderia ter feito, se não tivesse morrido aos 27 anos. “Que legado teria deixado? Ela era absolutamente inocente e tudo que dizia era de maneira cândida. Não tinha intenção de escandalizar. Todo mundo a admirava. Mas imagine como era isso em pleno regime militar. Ela era uma mulher solar”, constatou.
As declarações foram feitas à Agência Brasil
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