The spy.
Doors, puta banda. Nos anos 60, os caras transformaram o rock. Morrison,
Manzarek, Densmore e Krieger misturaram música com teatro e poesia. O resultado
não podia ser diferente: uma banda do caralho. Eles fizeram a trilha sonora de
toda uma geração, de toda uma juventude que praticamente fora obrigada a caminhar
rumo à morte, no Vietnã. Era mais ou menos assim: ou iam pra guerra, ou estavam
fodidos. Muitos optaram pela segunda opção. Daí, nasceu a contracultura. E
depois veio a onda do ácido. E Woodstock. Loucura, piração, poesia, liberdade.
Rock psicodélico. Doors, Cream, Jefferson Airplane, Buffalo Springfield, Janis
Joplin e outros.
O jornalista Luiz Carlos Maciel, conhecido pela alcunha de
“guru da contracultura”, em sua obra Os
anos 60, listou a diferença entre a cultura vigente e a contracultura.
Segundo Maciel, o status quo faz com que bebemos uísque, ao invés de absinto.
Faz com que prefiramos cigarro a maconha. Faz com que sejamos ateus, e não místicos.
Faz com que acatemos a ideia de Walter Benjamim, e não de Whillem Reich. Colocam-nos
no tabuleiro sem dizer como se faz pra se mover ali. Siga as regras. Siga os
medíocres. Seja uma ovelha. E o sucesso vai ser imediato. Poucos são os que têm
algo pra dizer. Poucos são os que fogem do clichê, da frase feita, do lugar
comum, do manjado.
Porra. Jim Morrison faz falta. Rimbaud faz falta. Henry
Miller faz falta. Ginsberg faz falta. Keroauc faz falta. Raul Seixas faz falta.
Os loucos fazem falta. Vivemos numa época onde ser careta é sinônimo de charme.
Cadê o espírito rebelde dos jovens? Temos medo de uma boa foda, até. Outro dia,
abri o site de O Globo e dei de cara com a seguinte chamada: “Sexo oral sem
camisinha aumenta 22 vezes o risco de câncer na cabeça”. Curioso, cliquei na
reportagem. O texto chamava os jovens à caretice. Puta merda.
Bicho, análise quantos, no ônibus, estão com o pescoço
abaixado, concentrados em seus aparelhos celulares? Vários. Múltiplos. Todos me
parecem abatidos, cansados, angustiados. Ninguém olha pra cara de ninguém. É
tudo nas redes. O papo. O sexo. Os elogios. Poucos são os que chegam numa
garota, e dizem: “Cê tá linda pra caralho”. É preferível ir ao Instragram e
curtir uma foto dela. Break on
Through (To the other side), como cantava Jim. Bem, hoje não são apenas
as garotas que estão enclausuradas, os homens também estão. E temos medo de
atravessar para o outro lado. Preferimos portar uma cédula de 100 conto a uma história bem vivida.
Além de ficarem com as melhores mulheres, eles querem fazer
a cabeça da juventude. Execute, não pense, dizem a você. Se o fizer, várias
coisas lhe serão prometidas, como as melhores mulheres, os melhores carros, uma
carteira cheia de dinheiro. Dinheiro é uma merda. Os medíocres são uns merdas. Charles
Bukowski disse que o estilo é a reposta pra tudo. No poema homônimo, ele fala
que é preferível fazer algo tolo com estilo, do que algo perigoso sem estilo.
Com diz o velho safado: “Estilo é o que o diferencia dos
outros.”
Texto publicado no Diário da Manhã
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