segunda-feira, 4 de maio de 2015

A noite promete

De um lado da mesa estava Rogério. Do outro Ângela. Ela olhava para o rosto dele, que levara à boca um cigarro. Ele pôs fogo nele. E levantou-se da mesa e caminhara em direção à geladeira. Abria-a e pegara uma cerveja.

- de novo você está a beber, querido? – questionou Ângela – não aguento mais olhar para a sua fisionomia e ver o álcool. Você é o álcool em carne e osso, porra! – exclamou, raivosa e furiosa, culpando a bebida pelos problemas que havia na vida.

- vou, sim. Eu gosto de beber, entenda. Aliás, acho que você deveria fazer o mesmo. Beba, vai se sentir melhor – disse Rogério.

- não, não. Prefiro a minha sobriedade. Ela não tem preço. Não há nada que pague.

Rogério jogara a bituca do cigarro no cinzeiro:

- olha aí, ainda fica sujando toda a casa com essa merda.

- meu Deus, mulher, me respeita, por favor. – afirmou Rogério, com ares de perplexidade – teu pai nunca te ensinou isso, né. Por isso, vai vê, é assim.

- assim como? – interrogou.

- assim, chata, autoritária.

- autoritária? Eu? Acho que você anda usando drogas demais e lendo essas merdas aí.

Ele fora ao seu livro de poesias. Folheou-o e parou num poema de Whitman. O texto prendeu-o sobre o sofá.

- não falta nada, mas faltaria tudo, se faltasse o sexo – escreveu o poeta em Folhas da Relva – isso que é arte, minha filha. Esse lixo que costuma ouvir, não serve para nada. Só para desviar o foco das pessoas dos problemas que as cercam – ponderou.

O telefone tocara. Ângela fora até ele, e atendeu-o:

- vamos sair?

- quem está falando?

- Claudinho...

- Claudinho, seu filha da puta, suma daqui – ordenou ela – você é que fica enchendo o cu daquele porra do 
Rogério todos os dias. Aposto que estava ligando para ele – finalizou.

- não, não. Estou ligando para você mesmo.

- fala...

- quero transar contigo!

- como?

- quero te comer!

Ela desligou o telefone. E sentara em cima de Rogério, que trôpego ficou sem entender.

- meu amor, eu quero essa tua pica grande dentro de minha bocetinha.

Rogério levantou-se e refletira: “hoje a noite promete”, disse. 

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