De um lado da mesa estava Rogério. Do outro Ângela. Ela
olhava para o rosto dele, que levara à boca um cigarro. Ele pôs fogo nele. E levantou-se
da mesa e caminhara em direção à geladeira. Abria-a e pegara uma cerveja.
- de novo você está a beber, querido? – questionou Ângela –
não aguento mais olhar para a sua fisionomia e ver o álcool. Você é o álcool em
carne e osso, porra! – exclamou, raivosa e furiosa, culpando a bebida pelos
problemas que havia na vida.
- vou, sim. Eu gosto de beber, entenda. Aliás, acho que você
deveria fazer o mesmo. Beba, vai se sentir melhor – disse Rogério.
- não, não. Prefiro a minha sobriedade. Ela não tem preço.
Não há nada que pague.
Rogério jogara a bituca do cigarro no cinzeiro:
- olha aí, ainda fica sujando toda a casa com essa merda.
- meu Deus, mulher, me respeita, por favor. – afirmou
Rogério, com ares de perplexidade – teu pai nunca te ensinou isso, né. Por
isso, vai vê, é assim.
- assim como? – interrogou.
- assim, chata, autoritária.
- autoritária? Eu? Acho que você anda usando drogas demais e
lendo essas merdas aí.
Ele fora ao seu livro de poesias. Folheou-o e parou num
poema de Whitman. O texto prendeu-o sobre o sofá.
- não falta nada, mas faltaria tudo, se faltasse o sexo –
escreveu o poeta em Folhas da Relva – isso que é arte, minha filha. Esse lixo
que costuma ouvir, não serve para nada. Só para desviar o foco das pessoas dos problemas
que as cercam – ponderou.
O telefone tocara. Ângela fora até ele, e atendeu-o:
- vamos sair?
- quem está falando?
- Claudinho...
- Claudinho, seu filha da puta, suma daqui – ordenou ela –
você é que fica enchendo o cu daquele porra do
Rogério todos os dias. Aposto
que estava ligando para ele – finalizou.
- não, não. Estou ligando para você mesmo.
- fala...
- quero transar contigo!
- como?
- quero te comer!
Ela desligou o telefone. E sentara em cima de Rogério, que
trôpego ficou sem entender.
- meu amor, eu quero essa tua pica grande dentro de minha
bocetinha.
Rogério levantou-se e refletira: “hoje a noite promete”,
disse.
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