quarta-feira, 29 de abril de 2015

Educação paranaense derrama lágrimas

Segundo SAMU, houveram 150 feridos, oito em estado grave. Os manifestantes foram repreendidos por balas de borracha e mordidas de cachorros policiais. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

O dia de hoje entrou para a história do Paraná, e não da maneira mais agradável. A polícia esperava para fazer a guarda e, caso necessário, utilizar de métodos truculentos. E seguiram à risca a cartilha. Partiram para cima dos educadores. “Manifestantes estranhos ao movimento dos servidores estaduais que estavam concentrados em frente à Assembleia Legislativa”, disse o governo paranaense, justificando o porquê de atacar os professores. Segundo a Gazeta do Povo, aproximadamente 150 pessoas foram feridas pelas forças policiais. O site da revista Carta Capital disse que foram mais 200, os feridos.

Em fevereiro deste ano, os professores do Paraná realizaram acampamento no Centro Cívico, em Curitiba. Mas a classe entrara em consenso com o governo e retornaram às salas de aula. Naquela ocasião, seis universidades e escolas estudais ficaram sem aula por cerca de 20 dias. Eles protestavam contra a medida de austeridade adotada pelo governo do tucano Beto Richa – reeleito ano passado, no primeiro turno, com 3.301.322 de votos (55,7%).

“A polícia estava lá por determinação do Poder Judiciário para proteger a sede do Poder Legislativo, uma instituição democrática que não pode ser afrontada no seu direito”, disse Richa. Cerca de 20 mil professores, de acordo com APP (Sindicato dos Professores do Ensino Fundamental e Médio), estavam reunidos em frente ao Palácio Iguaçu. “Sem violência”, gritavam, “ei polícia, prende o Beto Richa”, entoavam os militantes.

O confronto com a PM iniciou-se por volta das 15h. Na Assembleia Legislativa, os deputados votavam projeto de lei que alterava o ParanaPrevidência. Após ser aprovada pela casa, agora ela seguirá para a sanção de Beto Richa. As modificações acarretam perda de benefícios para os servidores públicos. Segundo André Adélio, professor de Filosofia, demorará dez anos para a classe assegurar novamente os direitos perdidos. “A maioria de nossos direitos a previdência, à saúde, se foram”, ressalvou.

(Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Entrevista com o professor André Adélio:


Como a greve irá influenciar a vida dos professores de hoje em diante?
O massacre que houve nesse dia 29/04/2015 vai tirar o brilho da pouca estima que a educação paranaense tinha, principalmente quando o IDB baixou nos últimos anos do governo Richa. Mas o que mais afeta é a falta de respeito com que esse governo tratou nossa categoria, batendo nos professores como se fossem bandidos.

Qual o propósito do governador Beto Richa?
O propósito dele é o de insanidade total, no meu entendimento se resume a um fascismo!

Como a alteração do ParanaPrevidência influirá sobre a vida dos servidores públicos do Estado?
Vamos ter que pagar milhões de aposentadorias milionárias para policiais que não estavam enquadrados no nosso sistema. Essa atitude fascista agora causará sobrecarga a nossa categoria de professores e com certeza faltará dinheiro quando chegar a nossa vez de se aposentar.

(Foto: Gazeta do Povo)



O governador está a ser pouco democrático? Por quê?
Os fatos respondem por si. Bater nos professores e feri-los nos seus direitos e na sua dignidade, com balas de borracha, cassetetes, cães, gás de efeito moral e outras atrocidades, são fatos que mostram claramente o quanto esse governo nunca foi democrático.

Como o senhor vê a justificativa do governador? 
Precária e pífia, pois segundo o deputado Marcio Paulik, o governador já garantiu um equilíbrio nas contas do Estado. Então vejamos o comentário dele: "Com o objetivo de garantir a sustentabilidade do Fundo Previdenciário, o deputado estadual Marcio Pauliki apresentou duas emendas ao PL 252/2015 que propõe mudanças no plano de custeio do Paranaprevidência. As sugestões foram elaboradas em parceria com a APP-Sindicato e com o Fórum das Entidades, e devem ser analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Uma das emendas assegura que o estado faça o repasse mensal de 1% dos valores pagos aos aposentados e pensionistas para arcar com os custos administrativos do Fundo Previdenciário. A outra emenda prevê o aporte a ser feito pela administração pública seja atualizado atuarialmente. O valor é estimado em R$ 1 bilhão de royalties provenientes da Itaipu Binacional a ser feito em 2021. Ele afirma que o total que o estado do Paraná irá arrecadar com o aumento da alíquota dos impostos, IPVA, Nota Fiscal Paranaense e Cadin será suficiente para cobrir o déficit financeiro". Essas medidas são suficientes para cobrir o rombo do estado de R$ 4,5 bilhões, o segundo maior do país, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. Não vejo porque o governo deve condicionar esse sequestro de R$ 125 milhões todos os meses do Paranaprevidência ao pagamento dos reajustes dos salários do funcionalismo em maio como também às progressões, gratificações.


Nenhum comentário:

Postar um comentário