terça-feira, 2 de agosto de 2016

Essência da literatura bukowskiana

Capa da edição que foi lançada em 2011
“Eu tinha cinquenta anos e há quatro não ia pra cama com nenhuma mulher”. Esse é Henry Chinaski, poeta, bêbado, alter-ego de Bukowski e protagonista de Mulheres. No Brasil, a obra foi traduzida por Reinado Moraes – autor dos clássicos Tanto faz e Pornopopéia - nos anos 80. A LP&M a relançou, em 2011.
Rotulado como obsceno, Bukowski não poupa palavras fortes, nem situações inusitadas em Mulheres. Ele escreve sobre a vida de forma lírica e coloquial. Sua mensagem é para os excluídos, para os inconformados, para os loucos, àqueles que sabem que poucas coisas - ou nada - valem a pena na vida.
Após um período de jejum sexual, Chinaski conhece Lydia. E April, Lilly, Dee Dee, Mindy, Hilda, Cassie, Sara, Valeire. Não importa o nome delas. Ele entra em suas vidas, e chacoalha-as, enlouquece-as, rompe corações, as faz sofrer. Mas no fundo, elas ainda acham-no um cara decente.
Em Mulheres, Chinaski é um poeta que começa a ser reconhecido pelos seus poemas. Então, ele passa a colocar em prática todas as fantasias sexuais que lhe foram reprimidas na adolescência e juventude. Várias entraram na vida dele. E saíram. E houve choros. E lágrimas escorreram das frases diretas e objetivas do mestre Buk.
Durante uma entrevista, nos anos 80, Bukowski foi questionado sobre Mulheres ser um livro machista. Com estilo, disse: “Você não lembra da parte em que eu sento na cama e choro?”, respondeu, fazendo alusão a cena em que ficou em dúvida com qual delas passaria as festividades de final de ano.
Publicado em 1978, Mulheres é a essência da literatura bukowskiana. Com o velho Chinaski, Buk fala para aqueles que se sentem à margem. “Ficção é a vida melhorada”, diz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário