terça-feira, 2 de agosto de 2016

Epopéia quase pornográfica



Capa da obra
O escritor Reinaldo Moraes publicou, em 2009, o romance Pornopopéia. A obra foi lançada pela editora Objetiva, e narra a estória de Zeca - um cineasta marginal que vive à base do improviso. Regado a sexo, drogas, divagações literárias e devaneios beatnik, o romance é considerado um dos melhores livros escritos nos últimos anos.
Como o próprio nome já indica, Pornopopéia é quase uma epopeia pornográfica. Dividida em duas partes, a obra é bem trabalhada, sendo a primeira com diálogos, cenas e ações que se passam no submundo da cidade de São Paulo. A outra parte, no entanto, relata Zeca refugiado em Porangatuba, no litoral paulista, após se ver envolvido em morte traficante.
Logo no primeiro capítulo, o leitor é apresentado ao protagonista, um anti-herói pirado e anárquico. Ele bebe, fuma, cheira cocaína, não é chegado ao trabalho, não demonstra afeto com a esposa e nem com o filho. ”Vai, senta o rabo sujo nessa porra de cadeira giratória emperrada e trabalha, trabalha, fiadaputa”, diz Zeca, na primeira frase do livro, enquanto enfrenta uma crise de ‘inspiração” por não conseguir escrever um roteiro para comercial.
Em 2007, a editora Companhia das Letras empacou um dos contos de Reinaldo Moraes. O texto descrevia uma suruba numa sala de ioga, inclusa em Pornopopéia. Luis Schwarcz, editor da Companhia das Letras, sentiu-se incomodado com o personagem. Mas a dúvida dele acabou virando a de Reinaldo. E quatro anos depois, Zeca apareceu e destilou sua sapiência ao longo das 584 páginas de Pornopopéia.
Ao escrever a epopéia, Reinado Moraes não pensou no leitor. Segundo ele, durante a escrita chegou a crer que ninguém iria editá-la. "Estou botando tanta maluquice nesse livro, que ninguém vai editar”,disse o escritor, em entrevista ao Jornal da Biblioteca Pública do Paraná.
Reinaldo, também, foi tradutor de Mulheres – clássico de Charles Bukowski. Em entrevista, ele lembrou que quando o traduzia, alguns episódios pareciam de ter saído das páginas do Velho Safado. “Um vez eu estava sentando numa padaria, lendo jornal. Aí, apareceu uma mulhere de salto alto, que parecia ter pulado das páginas de Bukowski. A gente foi parar num motel vagabundo”, descreveu.
O último romance de Reinaldo fora Tanto Faz, lançado em 1982. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário