quarta-feira, 11 de novembro de 2015

“Há coisas que são conhecidas e coisas que são desconhecidas, e, entre elas, há portas", dizia Jim Morrison

Capa do livro "Ninguém sai daqui vivo", escrito pelo jornalista Jerry Hopkins

“O melhor poeta da sua geração”. Assim o poeta e dramaturgo beat Michael McClaure descreveu Jim Morrison. Leitor voraz, Jim era uma criança tímida e acima do peso. Ao entrar no curso de cinema da UCLA (Universidade da Califórnia), o seu mundo mudou. Perdeu peso, deixou os cabelos crescerem e ganhou uma áurea sensual. Na faculdade, os professores admiravam-no. Jim despontava como intelectual. Os colegas diziam que ele tinha um conhecimento acima da média sobre a natureza humana. Conheceu Ray Manzarek, colega de faculdade, e o resto é história do rock and roll.

Ray Manzarek, Robby Krieger, John Desmonre e Jim Morrison formaram o The Doors. Manzarek ouviu Jim cantar Moonlight Drive, em Venice, Los Angeles, e disse que aquela era a melhor letra de rock que escutara. "Esta é a melhor letra de música que eu já ouvi. Vamos começar uma banda de rock e ganhar um milhão de dólares", disse o tecladista, no verão de 1965, quando Jim havia desistido da faculdade de Cinema. E eles iniciaram uma banda. E começaram a percorrer o circuito underground de Los Angeles. E começaram, também, a chocar os espectadores, sobretudo quando os Doors executavam The End – clássico edipiano -, cujos versos “Pai, sim filho ? Eu quero te matar”, “Mãe, eu quero te foder”, causavam asco e revolta no público. Estes versos remetem a Édipo Rei – clássico da tragédia grega.

Eles lançaram o primeiro disco, The Doors, em 1967. No álbum tinha Light my fire – primeiro single dos Doors. A música foi escrita por Robby Krieger (guitarrista). Aí, eles foram aos programas de televisão, e arranjaram um problema com Light my fire, na CBS. A direção da emissora sugeriu que a banda alterasse um verso da canção que fazia alusão aos alucinógenos. A princípio, os quatro aceitaram a proposta, chegando a cantar a letra alterada num ensaio, antes do programa ir ao ar. Mas na hora agá, Jim cantou “Hey garota, nós não podemos mais ficar chapado.” A reação não podia ser diferente: A direção da emissora disse que os Doors não tocariam mais na CBS. E eles ficaram sem ir a programas de tevê por anos. E eles nunca venderam uma música para comercial de automóvel. Mesmo assim, os Doors venderam 100 milhões de cópias por ano. E ainda vendem 80 milhões de cópias por ano.

Jim era erutido. Sabia frases de William Blake, Nietzsche e Rimbaud na ponta da língua.  Talvez o destino colocou-o no mundo da música, por acaso. Mas o fato é que seus versos transcenderam os anos, tornando-se eternos. Alguns veem Jim apenas como uma estrela do rock, que um dia queimou e foi embora. “Há coisas que são conhecidas e coisas que são desconhecidas, e, entre elas, há portas." Jim passou abriu a porta, e passou para o outro lado.

Texto publicado em 23/11/2015 no Diário da Manhã

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