sábado, 14 de novembro de 2015

Dom Corlene do futebol enfrenta justiça americana



José Maria Marín sente a justiça americana em seu pé. Mandatário do futebol brasileiro, seu currículo é invejável. Durante a ditadura, foi acusado de contribuir com a morte do jornalista Vladimir Herzog – morto em 1975, em circunstâncias misteriosas, na sede do DOPS, em São Paulo. Na época, ele era deputado estadual pela ARENA - partido que sustentava a ditadura. Alguns anos depois, em 1978, chegou a ser vice-governador de São Paulo. E na década de 1980 viveu nos bastidores da política paulista.

Na juventude, jogara no São Paulo, como profissional, por cinco anos. Só que ele não tinha aptidão para o esporte bretão e, então, elegera-se vereador, nos anos 1960. Aí começou sua carreira política. Depois, passou para o futebol e foi presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), entre 1982 e 1988. Neste período, foi chefe da delegação da seleção brasileira na Copa do México, em 1986. Após o mandato de Ricardo Teixeira, na CBF( Confederação Brasileira de Futebol), sucedeu-o à frente da entidade, chegando a acumular o cargo de presidente da entidade e membro do COI (Comitê Organizador Local).

Em 12 de janeiro de 2012, foi alvo, novamente, de piada. O mandatário embolsou uma medalha durante cerimônia de premiação, após a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O ato foi flagrado pelas câmeras da tevê Bandeirantes, e transmitida em rede nacional. Em 27 de maio de 2015, não teve como escapar. Segundo o The New York Times, policiais à paisana invadiram o hotel em que Marin estava hospedado e prenderam-no. Os investigadores chegaram a dizer que os acusados – e entre eles estava o ex-mandatário – movimentaram cerca de 150 milhões de dólares – algo em torno de 470 milhões de reais –, em esquema que existia há 24 anos. Os negócios do grupo envolviam diretos de transmissão em campeonatos na América Latina.

Nesta terça-feira, 3, Marin foi deportado para os Estados Unidos, depois de permanecer cinco meses preso, na Suíça. Ao desembarcar em Nova Iorque e foi acusado, oficialmente, de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração. A pena pode chegar a 20 anos.

O julgamento aconteceu no Tribunal Federal, no Brooklin. Vestindo um suéter azul claro, Marín aparentava cansaço. Ele declarou-se inocente da acusação de que havia recebido 15 milhões de dólares, em propina. Ao sair do tribunal, acenou para jornalistas, dizendo que não iria dar entrevista.

PRISÃO

Cercado de grifes e vizinhos famosos. É assim que José Maria Marín vai enfrentar seu julgamento. Contudo, desta vez sua chegada aos EUA se contrasta com a que teve em 2011 e 2012, quando a Casa branca homenageou-o -  porque era o poderoso da Copa do Mundo. Agora, o enredo é diferente. O Dom Corleone do futebol brasileiro tem, em seu enlaço, o FBI.


Com vista para a Quinta Avenida, seu imóvel em Nova Iorque é estimado em 2 milhões de dólares. Ele possui o apartamento desde 1984, quando ainda era Presidente da Federação Paulista de Futebol. O prédio têm 68 andares, e é um dos mais cobiçados da cidade. Segundo jornalista Jamil Chede – Repórter do Estadão e colaborador dos canais ESPN -, Marín vai ter como vizinhos o ator Bruce Willis e o astro português Cristiano Ronaldo. De acordo com o jornalista, na Suíça, Marín dizia que queria apenas dormir em sua cama. “Vou dormir na minha cama e tomar um banho de ducha”, dizia o ex-chefão.     

(Texto originalmente publicado, ontem, no Diário da Manhã)

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