É cerveja sem álcool, almoço sem carne, doce sem açúcar, café sem cafeína, conversas virtuais a cara-a-cara, massa sem glúten. O que era com ficou sem.
Até
aí tudo bem, o mundo está ficando saudável e limpinho mesmo. É consequência da
pós-modernidade.
Mas
peraí. As loucuras de bem-estar são aceitáveis, compreensíveis e proporcionam longevidade. Afinal de
contas, a gente tem medo de apertar o paletó de madeira. É um sentimento
legítimo desde a antiguidade clássica.
O
que não dá é sexo sem cheiro. Não dá! Pare o mundo eu quero descer, como canta
Raul, em Também vou reclamar.
E o pior é que este insulto ganha cada vez mais adeptos que não tem medo de propagá-lo nas
mesas dos bares.
Todavia,
o cúmulo mesmo é ouvir nas espeluncas underground que rola até
perfume no pau, meus caros.
Atualmente,
os caras transam e vão correndo para o banheiro. Homens-flexas da assepsia,
como diz Xico Sá. Nem encostam a cabeça da moça no lado esquerdo do peito para
uma conversa pós-coito – um dos maiores prazeres da humanidade.
Trepar
e não sentir o cheiro é como vir à vida e não gozar dos cinco sentidos que você
trouxe do berço.
É
ignorar um dos ensinamentos de Henry Miller, em A crucificação encarnada, que ilustra este post. Recomendo toda a
trilogia aos machos limpinhos, inclusive.
E
a turma do nojinho aos pelos pubianos, o que dizer?
Moças,
nada de decepar a mata atlântica lá em baixo por causa de meia dúzia de
adolescentes com cabeça poluída por putaria barata.
Depilar
faz bem, entendo, mas o que me intriga é essa raspadinha radical. Na hora agá,
parece que somos Romam Polanski, diretor de cinema polonês que transou com uma menina de treze
anos e foi condenado pela justiça estadunidense.
Cuidado
higiênico é excelente, sem dúvida. É o mínimo, meus caros. O que é inaceitável
é trepar e ir correndo para o banheiro e eliminar todos os supostos mal-cheiros
que a copulação lhe proporciona.
Sujeirinhas
e melações caracterizam a arte milenar do amor.
Amar
suja.
E
viver também.
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