sábado, 10 de dezembro de 2016

Sem sujeirinhas não há tesão



É cerveja sem álcool, almoço sem carne, doce sem açúcar, café sem cafeína, conversas virtuais a cara-a-cara, massa sem glúten. O que era com ficou sem.

Até aí tudo bem, o mundo está ficando saudável e limpinho mesmo. É consequência da pós-modernidade.

Mas peraí. As loucuras de bem-estar são aceitáveis, compreensíveis e proporcionam longevidade. Afinal de contas, a gente tem medo de apertar o paletó de madeira. É um sentimento legítimo desde a antiguidade clássica.

O que não dá é sexo sem cheiro. Não dá! Pare o mundo eu quero descer, como canta Raul, em Também vou reclamar.

E o pior é que este insulto ganha cada vez mais adeptos que não tem medo de propagá-lo nas mesas dos bares.

Todavia, o cúmulo mesmo é ouvir nas espeluncas underground que rola até perfume no pau, meus caros.

Atualmente, os caras transam e vão correndo para o banheiro. Homens-flexas da assepsia, como diz Xico Sá. Nem encostam a cabeça da moça no lado esquerdo do peito para uma conversa pós-coito – um dos maiores prazeres da humanidade.

Trepar e não sentir o cheiro é como vir à vida e não gozar dos cinco sentidos que você trouxe do berço.

É ignorar um dos ensinamentos de Henry Miller, em A crucificação encarnada, que ilustra este post. Recomendo toda a trilogia aos machos limpinhos, inclusive.

E a turma do nojinho aos pelos pubianos, o que dizer?

Moças, nada de decepar a mata atlântica lá em baixo por causa de meia dúzia de adolescentes com cabeça poluída por putaria barata.

Depilar faz bem, entendo, mas o que me intriga é essa raspadinha radical. Na hora agá, parece que somos Romam Polanski, diretor de cinema polonês que transou com uma menina de treze anos e foi condenado pela justiça estadunidense.

Cuidado higiênico é excelente, sem dúvida. É o mínimo, meus caros. O que é inaceitável é trepar e ir correndo para o banheiro e eliminar todos os supostos mal-cheiros que a copulação lhe proporciona.

Sujeirinhas e melações caracterizam a arte milenar do amor.

Amar suja.

E viver também.

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