domingo, 10 de abril de 2016

O mito de Sisifo - Albert Camus

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“Como as grandes obras, os sentimentos mais profundos sempre significam mais do que a própria consciência”. Este é Albert Camus. Este é O mito de Sisifo. Lançada em 1941, a obra é considerada a chave do pensamento de Camus. Ele fala a morte, a vida, a razão. Aliás, Camus desconfia dela. Ate aí tudo bem. Hume a questionara, na Idade Moderna. 

Se não há Deus, se todas as filosofias falham em trazer a felicidade, se a morte é o fim de tudo; qual é o sentido vida? Não pode-se negar a influência e a sutileza de Camus, em O mito de Sisifo. Mesmo sem crer em Deus, o artista consegue trabalhar emoções que tendem ao místico. Um poeta não precisar acreditar em Deus, por exemplo. Ele mostra que há beleza no mundo, por meio de sua obra.

Camus oferece-nos, como resposta, o homem absurdo. E divide-o em três sujeitos: o Don Juan, o Ator e o Conquistador. Todos estão à mercê da derrota final, mas agem para firmar-se. Todos estão condicionados a tarefa da repetição. A Morte de Sisifo é a metáfora que abraça este problema.

Sisifo era o mais astuto dos mortais. Vivia a desafiar os deuses. Enganou a morte por várias vezes. Driblou Tânatos e Hades. Ao morrer, fora considerado um rebelde e fora condenado, pelos deuses, a empurrar uma pedra até o pico da montanha. Toda vez ela caí, Sisifo tem de começar o trabalho de novo.

Por este motivo, a tarefa que envolve estes esforço passou a ser chamada de “trabalho de Sisifo”. A eterna busca do homem por sentido à vida, eis um esforço inútil. Há outros esforços inúteis no mundo, como as teorias que pretendem transformá-lo.

Equivocadamente, denomina-se Camus um autor pessimista.Sua obra tem como pano de fundo o absurdo e uma proximidade com autores que o antecederam, como Dostoievski e Kafka. Outros importantes escritores e dramaturgos que pertenceram a este movimento, conhecido como estética do absurdo, foram Samuel Beckett e Eugene Ionesco.

O homem absurdo, que reside na tradição filosófica do bom costume, não se ilude e tem o fim como certo. Isto traz-lhe a vantagem de não enganar-se. Segundo Camus, ele age como Don Juan:

Para entender bem Don Juan, é preciso referir-nos sempre ao que ele simboliza vulgarmente: o sedutor comum e o mulherengo. Ele é um sedutor comum. Mas com uma diferença: é consciente, e portanto é absurdo. Um sedutor que adquiriu lucidez não mudará por isso. Seduzir é sua condição.


Sobre o ator, Camus disse que ele nos deixará apenas uma fotografia, caso não tenha reconhecimento:

O ator escolheu, portanto, a glória incontável, aquela que se consagra e se experimenta. É ele quem extrai a melhor conclusão desse fato de que, um dia, tudo tem de morrer. Um ator tem sucesso ou não o tem. Um escritor mantém uma esperança mesmo se é desconhecido. Supõe que suas obras testemunharão o que ele foi. O ator nos deixará, no máximo, uma fotografia e nada do que ele era: seus gestos e seus silêncios, seu fôlego estrito ou sua respiração no amor não chegarão até nós. Não ser conhecido dele é não representar e não representar é morrer cem vezes em todos os seres que ele teria animado ou ressuscitado. (É digno de nota ressaltar que ele escreveu sobre o ator do teatro)

E, por último, Camus discorreu sobre O conquistador. Nesta metáfora, ele alardeia que o homem tem de viver seu tempo:

É necessário viver com o tempo e morrer com ele ou se subtrair a ele para uma vida maior. Sei que se pode transigir e que se pode viver no século acreditando no eterno. Isso se chama aceitar. Mas essa palavra me repugna, e eu quero tudo ou nada. Se escolho a ação, não pense que a contemplação me seja como uma terra desconhecida.

Camus considera que autores existencialistas, como Kierkgaard e Satre, fracassaram em tentar resolver o conflito entre o ser humano racional e irracional. 







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