domingo, 16 de outubro de 2016

O Brasil dos gângsteres e o povo

No Brasil dos gângsteres peemedebistas, a ofensiva reacionária traz consequências danosas para o povo. Seria um equivoco atroz acreditar que o impiti irá parar as investigações da Lava-Jato. O governo passa, a polícia continua e a lógica burocrática segue nadando com braçadas voluptuosas, rumo ao tão sonhado neoliberalismo. Mídia, polícia e Judiciário podem divergir em muitas coisas, mas concordam com a trupe que chegara ao poder para defender os interesses da burguesia nacional e internacional, pois o inimigo do povo, José Serra, pretende entregar o pré-sal de mãos beijadas aos gringos.

A burocracia jurídica não pode ser considerada uma classe social, jamais. Organizada e centralizada no mesmo nível hierárquico do exército, ela atua conforme os interesses da elite brasileira e, às vezes, pode, ou não, agir de acordo com quem está no governo. Os burocratas ainda contam com a narrativa dos jornalões, que ludibriam a sociedade com reportagens chapa-branca, repletas de adjetivos nada lúcidos e coerentes. O objetivo do impiti, minha gente, é entregar de bandeja o petróleo às multinacionais.

Infelizmente, os governos petistas não brecaram o capital internacional. Todavia, a aliança entre PMBD e PSDB garante a longo prazo - sem falso otimismo, por favor – a travessia de uma matriz energética para outra. O poeta medíocre, Michel Temer, servirá de instrumento do capital internacional, cujos olhos estão voltados e antenados aos meandros tucanos, sobretudo de Serra, que garganteia na grande mídia falácias neoliberais, de sangrar os tímpanos.

Henrique Meirelles, superministro da fazenda, também é um burocrata da privatização, e que tem como alter-ego, com licença Gilberto Vasconcellos, o vende-pátria, Roberto Campos, que fora adversário da Petrobrás, num tempo não muito distante, no governo FHC. Hoje, o protagonismo de Meirelles será mais nocivo do que no governo Lula, quando ocupou o posto de presidente do Banco Central. Com o impiti, as nações que estão na ponta do capitalismo mundial serão proprietárias do sol e da água doce e, quiçá, do ar, como se cogitou no Peru, na década de 1990. Imagine?

Pois é. Enquanto isso, chego a conclusão de que a justiça é uma senhora altamente volúvel. O jurista do PMDB, o doutô em Constituição, como dele diz Lula, poeta com versos duvidosos, é a anticonstituição em carne e osso. A Carta Magna virou coisa para boi-dormir, sim. Temer não é o todo. Aliás, não é nada. É apenas uma fatia do pão que os gringos possuem, e almejam. Sábio mesmo fora Hugo Chávez, que durante o governo Lula, quando se descobriu o pré-sal, disse que o colega brasileiro estava milionário, com um Oriente Médio no fundo do mar. Chávez avisou: o tal do pré-sal despertaria a ganancia dos imperialistas. Dito e feito.

O golpe que se sacramentou no Brasil têm suas particularidades, típicas de um país que padeceu de três séculos e meio de escravidão, e cuja casa-grande continua de pé, firme e forte. Dilma, na cartada final do impiti, ao invés de colocar sua defesa num Congresso que tanto a desrespeitou, deveria ler a ficha-corrida de seus acusadores, que, naquela ocasião, tinham plena convicção de que eram paladinos da moralidade. Pasme, o que vai ser do futuro?

Pergunta meio óbvia, mas vamos lá. O Brasil têm tradições em golpes. Em 1889, proclamou-se a República com golpe. Getúlio Vargas chegara ao poder, em 1930, por meio de um golpe. E depois dera outro golpe para se perpetuar no Poder e transformar o país numa ditadura, Estado Novo, com inclinações fascistas. Vargas voltara ao poder, em 1954, através do voto popular. Com o lema “o petróleo é nosso”, Vargas, desta vez eleito democraticamente, fizera um governo nacionalista, que visava o capital nacional em detrimento da dinheirama dos gringos.

No final dos anos 50, o que se sucedeu foi a democracia yô-yô-yô que escancarou o País à farra das multinacionais. Os governos depois de Vargas foram o prelúdio para o neoliberalismo de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Em 1964, o desfecho, no entanto, fora totalmente trágico. Os militares, com a ajuda cúmplice da burguesia nacional, chegaram ao poder e levaram o País a uma bad, sem precedentes na história tupiniquim, que durou 20 anos.

Mas o cúmulo foi, em editorial, o jornal dos Marinhos, O Globo, que sucumbe ante a crise que assola a imprensa, sugerir que para as classes mais baixas terem acesso as universidades seria preciso privatizá-las. O Globo, todavia, esqueceu-se de que os pobres teriam uma única opção: bolsas de estudo. Caso contrário, babaú possiblidade de ascender social e intelectualmente. A saída, na visão mimética deles, não é facilitar o acesso de quem vem das escolas públicas, projeto que o PT, tem-se de reconhecer, concretizou nos últimos anos.

Recentemente, o governo lançou uma campanha publicitária cujo lema é “vamos tirar o Brasil do vermelho”. A oligarquia midiática e os burocratas abriram um sorrisão, claro. Lembrei-me do tempo em que se acreditava que os esquerdistas, sobretudo os comunistas, eram devoradores de criancinhas. Ora, ser de esquerda é pretexto para se fomentar discursos repletos de adjetivos equivocados e substantivos inexistentes?

O Brasil, parece, voltara à estaca primária. Multiplicam-se cidadãos com preocupante capacidade de acreditar nas lorotas que são propagadas pelos porta-vozes da casa-grande & senzala. Vocês, senhores que se auto-intitulam nobres, deveriam correr os olhos pelo livrinho homônimo de Gilberto Freyre.

Tenho certeza de apenas uma coisa: sair do vermelho para essa trupe que está no poder é simplesmente entregar o Brasil para os gringos. Queria estar errado, porém atesto com ardor os meandros demente e alucinado do chanceler José Serra, que, certamente, pelo volto direito não chegaria à presidência tão cedo.

Eles, digo, os reacionários, querem transformar o Brasil nos Estados Unidos, mas num Estados Unidos, meu amigo, que já era. Num Estados Unidos onírico e fantasmagórico.

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