No Brasil dos gângsteres
peemedebistas, a ofensiva reacionária traz consequências danosas para o povo.
Seria um equivoco atroz acreditar que o impiti irá parar as investigações da
Lava-Jato. O governo passa, a polícia continua e a lógica burocrática segue
nadando com braçadas voluptuosas, rumo ao tão sonhado neoliberalismo. Mídia,
polícia e Judiciário podem divergir em muitas coisas, mas concordam com a trupe
que chegara ao poder para defender os interesses da burguesia nacional e
internacional, pois o inimigo do povo, José Serra, pretende entregar o pré-sal
de mãos beijadas aos gringos.
A burocracia jurídica não pode
ser considerada uma classe social, jamais. Organizada e centralizada no mesmo
nível hierárquico do exército, ela atua conforme os interesses da elite
brasileira e, às vezes, pode, ou não, agir de acordo com quem está no governo. Os
burocratas ainda contam com a narrativa dos jornalões, que ludibriam a
sociedade com reportagens chapa-branca, repletas de adjetivos nada lúcidos e
coerentes. O objetivo do impiti, minha gente, é entregar de bandeja o petróleo
às multinacionais.
Infelizmente, os governos
petistas não brecaram o capital internacional. Todavia, a aliança entre PMBD e
PSDB garante a longo prazo - sem falso otimismo, por favor – a travessia de uma
matriz energética para outra. O poeta medíocre, Michel Temer, servirá de
instrumento do capital internacional, cujos olhos estão voltados e antenados
aos meandros tucanos, sobretudo de Serra, que garganteia na grande mídia
falácias neoliberais, de sangrar os tímpanos.
Henrique Meirelles, superministro
da fazenda, também é um burocrata da privatização, e que tem como alter-ego,
com licença Gilberto Vasconcellos, o vende-pátria, Roberto Campos, que fora
adversário da Petrobrás, num tempo não muito distante, no governo FHC. Hoje, o
protagonismo de Meirelles será mais nocivo do que no governo Lula, quando
ocupou o posto de presidente do Banco Central. Com o impiti, as nações que
estão na ponta do capitalismo mundial serão proprietárias do sol e da água doce
e, quiçá, do ar, como se cogitou no Peru, na década de 1990. Imagine?
Pois é. Enquanto isso, chego a
conclusão de que a justiça é uma senhora altamente volúvel. O jurista do PMDB,
o doutô em Constituição, como dele diz Lula, poeta com versos duvidosos, é a
anticonstituição em carne e osso. A Carta Magna virou coisa para boi-dormir,
sim. Temer não é o todo. Aliás, não é nada. É apenas uma fatia do pão que os
gringos possuem, e almejam. Sábio mesmo fora Hugo Chávez, que durante o governo
Lula, quando se descobriu o pré-sal, disse que o colega brasileiro estava
milionário, com um Oriente Médio no fundo do mar. Chávez avisou: o tal do
pré-sal despertaria a ganancia dos imperialistas. Dito e feito.
O golpe que se sacramentou no Brasil
têm suas particularidades, típicas de um país que padeceu de três séculos e
meio de escravidão, e cuja casa-grande continua de pé, firme e forte. Dilma, na
cartada final do impiti, ao invés de colocar sua defesa num Congresso que tanto
a desrespeitou, deveria ler a ficha-corrida de seus acusadores, que, naquela
ocasião, tinham plena convicção de que eram paladinos da moralidade. Pasme, o
que vai ser do futuro?
Pergunta meio óbvia, mas vamos
lá. O Brasil têm tradições em golpes. Em 1889, proclamou-se a República com
golpe. Getúlio Vargas chegara ao poder, em 1930, por meio de um golpe. E depois
dera outro golpe para se perpetuar no Poder e transformar o país numa ditadura,
Estado Novo, com inclinações fascistas. Vargas voltara ao poder, em 1954,
através do voto popular. Com o lema “o petróleo é nosso”, Vargas, desta vez
eleito democraticamente, fizera um governo nacionalista, que visava o capital
nacional em detrimento da dinheirama dos gringos.
No final dos anos 50, o que se
sucedeu foi a democracia yô-yô-yô que escancarou o País à farra das
multinacionais. Os governos depois de Vargas foram o prelúdio para o
neoliberalismo de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Em 1964, o
desfecho, no entanto, fora totalmente trágico. Os militares, com a ajuda
cúmplice da burguesia nacional, chegaram ao poder e levaram o País a uma bad,
sem precedentes na história tupiniquim, que durou 20 anos.
Mas o cúmulo foi, em editorial, o
jornal dos Marinhos, O Globo, que sucumbe ante a crise que assola a imprensa,
sugerir que para as classes mais baixas terem acesso as universidades seria
preciso privatizá-las. O Globo, todavia, esqueceu-se de que os pobres teriam
uma única opção: bolsas de estudo. Caso contrário, babaú possiblidade de
ascender social e intelectualmente. A saída, na visão mimética deles, não é
facilitar o acesso de quem vem das escolas públicas, projeto que o PT, tem-se
de reconhecer, concretizou nos últimos anos.
Recentemente, o governo lançou
uma campanha publicitária cujo lema é “vamos tirar o Brasil do vermelho”. A
oligarquia midiática e os burocratas abriram um sorrisão, claro. Lembrei-me do
tempo em que se acreditava que os esquerdistas, sobretudo os comunistas, eram
devoradores de criancinhas. Ora, ser de esquerda é pretexto para se fomentar
discursos repletos de adjetivos equivocados e substantivos inexistentes?
O Brasil, parece, voltara à
estaca primária. Multiplicam-se cidadãos com preocupante capacidade de acreditar
nas lorotas que são propagadas pelos porta-vozes da casa-grande & senzala.
Vocês, senhores que se auto-intitulam nobres, deveriam correr os olhos pelo
livrinho homônimo de Gilberto Freyre.
Tenho certeza de apenas uma coisa: sair do vermelho para essa trupe que está no poder é simplesmente entregar o Brasil para os gringos. Queria estar errado, porém atesto com ardor os meandros demente e alucinado do chanceler José Serra, que, certamente, pelo volto direito não chegaria à presidência tão cedo.
Eles, digo, os reacionários, querem transformar o Brasil nos Estados Unidos, mas num Estados Unidos, meu
amigo, que já era. Num Estados Unidos onírico e fantasmagórico.
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