segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O homem, a mulher e a pornografia

Antes de tudo: a pornografia é o erotismo dos outros. Vai que é tua, George Bataille.

Quando nos interessa, a sacanagem é tratada como material puramente erótico, sagrado, bonito e refinado. Se alheio, não passa de mera putaria, para parafrasear Reinaldo Moraes, em Pornopopéia, daquelas que a gente vê aos montes com apenas um clique na internet.

E chega de frescura literária. A não ser, claro, que o amigo insista na leitura de um capítulo da bíblia que deixaria Henry Miller cabisbaixo. Cantares, Cântidos de Salomão ou simplesmente Cântico dos Cânticos.

Esquece, porra.                                                              

Finalmente, vamos à sacanagem propriamente dita. Afinal de contas, essas teorias sobre a diferença entre erotismo e pornografia são de uma frigidez ou de uma paumolescência que deixaria qualquer um com a libido retraída.

Foda hein, tio Reich.

Acabei de descobrir, num exercício de pesquisa para conseguir finalizar esta crônica miserável, que o Brasil e as Filipinas lideram o consumo de vídeos pornôs por parte das mulheres. A pesquisa foi encomendada, pasme, pelos sites especializados “Pornhub” e “Redtube”.

Mas o tesão é tentar entender o barato, mesmo que este cronista bebum e mal-diagramado, apaixonado e escravo das moças nunca chegue sequer nem perto de tal façanha.

Obviamente, o macho é mais visual. Basta um toque para deixá-lo totalmente armado. O cara, na maioria das vezes, sente fetiche com o gozo na boca, com jatos irreais pela face, aquele clichê zoado que ainda não evoluiu desde a selvagem era das produções Buttman.

Se bem que há uns por aí que com apenas um trago num vinho tinto vagabundo e uma bola num beque mais ou menos conseguem jogar a autoestima das damas lá embaixo.

E outros, no ápice da cretinice, não toleram ver uma moça livre e dona de si.  

Falta um Henry Miller, um Bukowski, um Nelsão na vida desses seres desatentos aos sinais femininos. Ah, recomendo, também, a leitura do clássico Ofício de Viver, do Pavese, que cito pela enésima vez neste espaço solitário.

É, vou vagar por ai, amigos, aqui fica o beijo e admiração ao sexo feminino, mas antes teria de firmar Walt Whitman, o poeta que corria atrás dos marinheiros, em Nova Iorque, no século XIX, como testemunha do que tenho doravante a dizer. Com ou sem amor, evidentemente.

Vai lá, Whitman: “Não falta nada, mas faltaria tudo, se faltasse o sexo”.

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