Dos
dengos femininos o que mais nos faz falta é o tal do cafuné.
Impressionado com
o desdém de homens e mulheres, o blog resolveu lançar uma campanha para 2017.
Que
tenhamos mais cafunés. Que não o deixemos apenas para a hora agá, nem
o utilizemos como combustível para o sexo – aliás, depois da foda cai muito bem.
Que
o cafuné, neste ano novo, seja permanente, ora pois.
Que
sigamos o exemplo de Jorge Amado e sua amada, Zélia Gattai, na foto que
ilustra este post.
Pela
volta imediata dos mais nobres dos gestos de carinho e delicadeza.
Este
servo vagabundo das palavras, numa discussão acalorada no boteco, chegou à
conclusão de que não há nada mais lindo do que as mãos de uma moça caminhando
pelos teus cabelos.
Pela
criação da Casa de Cafunés Gilberto Freyre. Há alguns anos, o jornalista e escritor Xico Sá propôs sua crianção, em seu blog, na Folha de São Paulo.
Infelizmente, nada saíra do
papel e o clube dos machos passara a fazer cada vez menos cafuné nas damas.
Que
homens e mulheres sejam treinados para reaprenderem o hábito do cafuné, e não o desaprendam jamais.
Ou
ainda: que seja feita uma sonora campanha de saúde pública cujo propósito seja
a volta do carinho mais sublime da espécie humana.
Quantas
doenças nervosas seriam evitadas, quantos barracos de casais seriam esquecidos,
se o tal do cafuné fosse prática corriqueira?
Sem
falar no erotismo que o dengo desperta, como atesta o sociólogo francês
Roger Bastide, em seu belo ensaio “A psicanálise do cafuné”.
Pura
libido.
Delícia
de se sentir, formosura de se ver. O cafuné, amigo leitor, sem dúvida, é um dos
atos mais lindos que um ser-humano pode fazer em outro. Todos os instintos
animais correm para o fundo do ralo, se o cara agrada a dama com um cafuné, ou
vice-versa.
Até
o mais aloprado dos homens vira sujeito cordial e gentil, com cafunés.
Talvez
Jair Bolsonaro chegasse a conclusão de que não vale a pena jorrar, como uma
metralhadora 7 milímetros, palavras inúteis que estimulam o ódio, o
preconceito, a intolerância.
Ai
que preguiça, que arrepio no cangote. Porra, quero meus cafunés de volta.
Como
pode uma criatura, como esses rapazes com calças coladas ao corpo, que se
denominam Bolsomitos, passarem pela vida sem desfrutar de um bom cafuné?
Pela
obrigatoriedade dos cafunés no receio das escolas, nos pátios das faculdades,
no café da firma, nas redações, nos intervalos dos jogos do teu time.
Não
se pode condenar toda uma geração a viver sem cafuné. Trata-se de uma questão
de segurança nacional, tão importante quanto políticas sociais.
Porque
o cafuné, amigo leitor, é a assinatura renascentista de mulher. Um tesão.
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