sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A obra que revolucionou o texto jornalístico


Considerado um clássico contracultura, o jornalista Hunter Thompson lançou Medo e Delírio em Las Vegas: uma viagem ao coração da América, em 1972. A obra modificou as regras do texto jornalístico, pois Hunter acreditava que o jornalista, para escrever uma boa história, precisava atuar e protagonizar os fatos.

Hunter era um porra-louca. Na infância, enfrentou problemas com a polícia. E disto fez sua matéria-prima. Ao contrário de seus antecessores do new journalism, Hunter escrevia em primeira pessoa. Seus textos tinham um ar essencialmente subjetivo.

Aliás, sua obra é repleta de fugas em alta velocidade, sarcasmo desenfreado e metáforas tão alucinadas quanto a final da Libertadores de 2012, quando o Corinthians batera o Boca Juniors, no Pacaembu. Sem dúvida, Hunter criou um novo estilo de escrita, que fora intitulado como jornalismo gonzo, e dispensava da pirâmide invertida, adotada pelas redações.

Fã de Hemingway, Fitzgerald e Jack Keroauc, o jornalista levou às últimas consequências os ensinamentos de Tom Wolfe, o “terno branco”, que escreveu o manifesto do new journalism, Radical chique e o novo jornalismo, em 1973. “Uma prosa enlouquecida, corrosiva e poética, que começa onde Um sonho americano, de Norman Mailer, termina e explora o que Tom Wolfe deixou de fora”, assegura o The New York Times.  

Maluco o cara, não? Mas imagine alugar um conversível que anda mais rápido que o vento e ter como destino Las Vegas, o coração da cultura estadunidense. Imagine rechear o porta-malas do veículo com as mais diversas substâncias. E, agora, imagine ter como advogado um samoano nada confiável.

Aqui está a história de Medo e Delírio em Las Vegas, obra que colocou Hunter Thompson como um dos grandes retratistas dos ideias libertários que sacudiram a cultura estadunidense, na década de 1960.

Originalmente publicado em artigos na revista Rolling Stone, Medo e Delírio em Las Vegas chegou ao cinema em 1998, com Johnny Deep, como Raoul Duke, e Benício Del Toro, como o Dr Gonzo. 

Confira um trecho da obra: 

"Estávamos em algum lugar perto de Barstow, à beira do deserto, quando as drogas começaram a fazer efeito. Lembro que falei algo como "estou meio tonto; acho melhor você dirigir..." E repente fomos cercados por um rugido terrível , e o céu se encheu de algo que pareciam morcegos imensos , descendo, guinhando e mergulhando ao redor do carro, que avançava até Las Vegas a uns 160 quilômetros por hora, com a capota abaixada. E uma voz gritava: "Jesus Santíssimo! Que diabo são esses bichos?"

Foda, né?

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