Penso. Meu ofício é escrever. Escrevo para me salvar.
Escrevo porque tenho medo. Escrevo, simplesmente. Que mal há nisso? Sorriso do
poeta. Brilho da noite. Uivo da guitarra. A garota passa ao meu lado. Sinto seu
odor entrar em minhas narinas. Fecho os olhos, e procuro fotografá-la em minha
mente. Logo em seguida, tento reproduzir as imagens. Verdadeira poesia. Caminho
pelas calçadas à noite, com um cigarro entre os dedos. Nada pra fazer. Os bares
estão fechando. Eu tenho apenas algumas moedas nos bolsos pra garantir um
conhaque de dois conto. Um homem precisa de um trago, assim como precisa de uma
boceta. Um homem sente a vida, os desesperos, as pressões, as angústias, o
grito. Puramente, o grito. Abra a janela. Coloque a cabeça pra fora. E grite.
Grite. Grite. Dionísio bebia vinho. Shakespeare fumava maconha. Oscar Wilde
degustava a fada verde. Jim Morrison enchia a cara e recitava poemas. Os
loucos. Eu gosto dos loucos. Gosto de andar no meio da rua às cinco da
madrugada. Declamo poemas, em lugares monótonos. Preciso de um som. A vida
precisa de um som. O mundo precisa de um som. Um carro passa ao meu lado com o
farol ligado. Ninguém entendeu a música. E os dias acabarão. E todos ficarão
parados, esperando por frases feitas, esperando por histórias. Mas não há
histórias. Em algum lugar erramos, mas não temos consciência aonde foi.
Buscamos respostas. E desistimos das conclusões. Ligamos a tv. Recorremos à
rede. Estamos conectados. Tudo é virtual. Isso matou Dylan Thomas.
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