sábado, 3 de outubro de 2015

Isso matou Dylan Thomas

Penso. Meu ofício é escrever. Escrevo para me salvar. Escrevo porque tenho medo. Escrevo, simplesmente. Que mal há nisso? Sorriso do poeta. Brilho da noite. Uivo da guitarra. A garota passa ao meu lado. Sinto seu odor entrar em minhas narinas. Fecho os olhos, e procuro fotografá-la em minha mente. Logo em seguida, tento reproduzir as imagens. Verdadeira poesia. Caminho pelas calçadas à noite, com um cigarro entre os dedos. Nada pra fazer. Os bares estão fechando. Eu tenho apenas algumas moedas nos bolsos pra garantir um conhaque de dois conto. Um homem precisa de um trago, assim como precisa de uma boceta. Um homem sente a vida, os desesperos, as pressões, as angústias, o grito. Puramente, o grito. Abra a janela. Coloque a cabeça pra fora. E grite. Grite. Grite. Dionísio bebia vinho. Shakespeare fumava maconha. Oscar Wilde degustava a fada verde. Jim Morrison enchia a cara e recitava poemas. Os loucos. Eu gosto dos loucos. Gosto de andar no meio da rua às cinco da madrugada. Declamo poemas, em lugares monótonos. Preciso de um som. A vida precisa de um som. O mundo precisa de um som. Um carro passa ao meu lado com o farol ligado. Ninguém entendeu a música. E os dias acabarão. E todos ficarão parados, esperando por frases feitas, esperando por histórias. Mas não há histórias. Em algum lugar erramos, mas não temos consciência aonde foi. Buscamos respostas. E desistimos das conclusões. Ligamos a tv. Recorremos à rede. Estamos conectados. Tudo é virtual. Isso matou Dylan Thomas. 

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