terça-feira, 20 de outubro de 2015

A ressurreição dos barões

Capa
Título: Na calada da noite

Grupo: Barão Vermelho

Gravadora: Warner Music

Ano: 1990

Cazuza era o vocalista do Barão Vermelho, quando o grupo se apresentou no primeiro Rock in Rio, em 1986. Meses depois, ele anunciou sua saída da banda. Frejat, Dé, Maurício Barros e Guto Goffi lançaram Declare Guerra, em 1986. Deste álbum, apenas uma música, Torre de Babel, tocou nas rádios. Em contrapartida, Cazuza lançou, em 1985, Exagerado e foi bem recebido pelo público. Os barões, nesta época, nem sabiam quem ocuparia o lugar deixado por Cazuza. Após votação, Frejat foi o escolhido. “Eu já era acostumado a cantar as músicas, porque Cazuza me entregava à letra, e eu musicava”, disse o cantor e compositor, durante entrevista, no Programa do Jô.

Só se for a dois saiu, em 1987. Cazuza flertou com uma musicalidade mais leve. “Eu me tornei cantor de churrascaria”, falou o poeta, à época. Já o Barão caminhou mais para o blues. Rock in geral tinha uma pegada bluseira, como pode ser visto na música de trabalho, Quem me olha só. “É o álbum mais injustiçado da história do rock”, comentou o baterista, Guto Goffi. Segundo o livro Por que a gente é assim, biografia da banda, Rock in geral vendeu apenas 15 mil cópias. Enquanto isso, Cazuza caminhava à MPB. E o Barão queria o retorno ao cenário de sucesso, que antes lhes pertencia. 

No ano seguinte, o Barão gravou Carnaval. O disco tinha o hit Pense e dance, que estava na trilha sonora da novela Vale tudo. Neste período, Cazuza foi a Boston tratar a AIDS. O cantor já era soropositivo e sofria repúdio de parte da imprensa. Ele foi ao Jô Soares e Onze e Meia e disse que cuspiu na bandeira do Brasil, durante um show. “Um monte de gente me parabenizou, dizendo que também queria fazer aquilo”, disse ele, segurando um cigarro entre os dedos e com um leve sorriso no canto da boca.

O Barão, após o sucesso de Pense e dance, conseguiu uma oportunidade de abrir a turnê de Rod Stewart, pelo Brasil, em 1989.  Neste mesmo ano, o grupo lançou o visceral Barão Ao Vivo – disco que contém os maiores clássicos do grupo e uma versão pesada de Satisfaction, dos Rolling Stones. No disco, a banda contava com outro guitarrista, Fernando Magalhães – fã de The Who. Para o produtor musical Ezequiel Neves, “a energia de Frejat e Fernando podem iluminar uma cidade de até um trilhão de habitantes”.

Mas o retorno definitivo às paradas de sucesso veio apenas em 1990, com o disco Na calada da noite. O poeta está vivo é um símbolo deste álbum “O poeta está vivo é um dos maiores trabalhos do meu ofício, da minha obra”, afirmou Frejat. Para Guto Goffi, o solo de Fernando Magalhães é um dos maiores do rock nacional. “O solo do Fernando é, tranquilamente, um dos doze maiores do rock nacional”, disse o baterista. Frejat conta que compôs a letra, sem nenhum bloqueio, mas disse que tentou várias vezes criar o solo, só que nunca achava que estava bom. “Tentei umas três, quatro vezes e nunca ficava legal”, disse o guitarrista. “Aí o Fernando o tocou, e ficou lindo”, completa. 

Na calada da noite, ainda, contou com a visita de Cazuza, nos estúdios. Ele chegou acompanhado de seu segurança particular. Aí, ouviu o disco e conversou com os barões. “A gente sabia que seria uma despedida”, contou Guto Goffi. O poeta está vivo se tornou uma homenagem póstuma ao cantor. Até hoje, a canção é indispensável nos shows do Barão. Cazuza morreu em 7 de julho de 1990, após complicações causadas pelo vírus HIV. Na calada da noite chegou às lojas alguns meses após a morte de Cazuza. 

Contracapa
O Barão era:

Roberto Frejat: Voz, Guitarra e Violão

Fernando Magalhães: Guitarra e Violão

Dadi: Baixo

Guto Goffi: Bateria

Maurício Barros: Teclado e piano

Peninha: Percussão


Na calada da noite (álbum completo):



Marcus Vinícius Beck

Nenhum comentário:

Postar um comentário