domingo, 20 de setembro de 2015

Merda também pode ser poesia

“Vou embora”, ela me disse

Acendi um cigarro
E pensei 
As pessoas
Entram
E saem de nossas vidas.
Os ponteiros caminham nos relógios. Eu sempre estraguei tudo
Agora uma garota loucamente linda
Saí pela porta da frente

Fiquei sentado em meu sofá, com minha garrafa de cerveja na mão
A vida é estranha
As pessoas são estranhas
O mundo é estranho
Um dia eu estraguei tudo
Um dia disparei palavras
Um dia ela falou que eu era um idiota
Mas
Sou um idiota que bebe e escreve alguns poemas vagabundos
Um idiota com argumentos na ponta da língua.
Um idiota que não gosta de Cold Play
Um idiota que não gosta de Emile Bronthe
Um idiota que gosta de Truffaut e Pink Floyd
Um idiota que gosta de rock progressivo

“Querida”, gritei

Ela virou a face:

“Não vá”, eu disse

“Eu preciso”, completou ela, entrando em seu carro

Os minutos pareciam travados no ponteiro
Imaginei as vezes que fodemos despreocupadamente
Na cozinha de casa.
Ela recostada na mesa. Eu beijando-a e metendo
Como num filme
Eu a vejo em minha cabeça. Teu beijo. Teu sexo. Meu pau em tua boceta
Passou, querida
Agora outro passará as mãos em teus cabelos
Enquanto eu abro
Mais uma garrafa de cerveja

Costumamos deixar os momentos irem embora
E depois
Escrevemos palavras
Que não traduzem o que sentimos
Merda
Merda também pode ser poesia
Viver é foda

Marcus Vinícius Beck

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