sábado, 19 de setembro de 2015

Cartas na Rua

Título: Cartas na Rua
Autor: Charles Bukowski
Tradução: Pedro Gonzaga
Editora: LP&M
Ano: 2013
Páginas: 192




Cartas na Rua é o primeiro romance do escritor Charles Bukowski. A obra narra, através da ótica de Henry Chinaski, o período em que Bukowski trabalhou nos correios. Na primeira frase do livro, Chinaski diz: “Tudo começou com um erro”. Aí, o leitor imediatamente se pergunta: quê erro? Bem, o erro de Bukowski foi trabalhar por onze anos nos correios, emprego que odiava. Bukowski conta-nos como o trabalho transformou sua vida, fazendo-o sentir fortes dores nas costas e estresse. Com um humor ferino, Bukowski escreve para aqueles que sabem como é ter um emprego monótono. 
Cartas na Rua apresentou-nos o estilo conciso e objetivo e repleto de diálogos do velho safado. Bukowski dividiu a obra em vários capítulos curtos. Conforme disse o autor: “Eu me preocupava com o ritmo”. Dessa forma, nota-se a forte influência de Hemingway e Fante.

Cartas na rua é um livro direito. No natal, Henry Chinaski recebe uma oferta para um trabalho temporário “que qualquer um faria”. Ele não imaginava que continuaria neste trabalho, entre idas e vindas, por onze anos. Chinaski era encarregado de substituir carteiros que faltavam, sobretudo quando chovia. Então, ele sempre tinha a rota mais difícil. As cenas detalham sobre insólitos encontros com cachorros e senhoras nada simpáticas. Jonstone, seu chefe, designava-lhe estas rotas, e ele ficava furioso.

Chinaski divide um apartamento com Betty. Aí, ele demitiu-se. Ela começou a trabalhar. Mas ela começou a preocupar-se, mesmo com Chinaski arcando com as despesas, sobre o que os vizinhos diziam sobre ele. Então se separaram. Chinaski perdeu a mulher e o cachorro. Nesta altura do romance, Betty disse que o cachorro iria sentir saudades dele. Ele respondeu: “Alguém, pelo menos, irá sentir saudades de mim”.

Hank se junta a uma mulher do Texas. Joyce era uma garota rica e mimada, que casou-se com ele para mostra-se independente aos seus pais. Ele retorna aos correios. Ela começa a trabalhar na prefeitura, e apaixona-se por um empregado. Então, eles se separam. Já que Joyce não sabia dirigir, Hank ficou com o carro. "Deus, ou seja lá quem, continua cuspindo-as nas ruas, e o rabo dessa é muito grande, e os peitos daquela são pequenos demais, e aquela outra é louca, e outra totalmente pirada, tem uma ainda que é religiosa e outra que adivinha o futuro em folhas de chá, há a que não consegue segurar seus peidos, e mais aquela que tem um nariz imenso, sem esquecer daquela de pernas esquálidas" Pg.133/134


Após algum tempo, Chinaski reencontra Betty. Ela comunica-lhe que o cachorro foi atropelado e morreu. Na sequência, eles se dispersam. Então algum tempo depois, Chinaski vai até o hotel em que Betty morava. Ela não estava. Ele a encontrou no hospital, onde a viu morrer. Após a morte de Betty, Chinaski se interessou por uma mulher no hipódromo, que costumava ir. Fay frequentava algumas oficinais literárias, andava sempre de preto e dizia estar protestando contra a guerra. Passaram a morar juntos. Ela engravidou, e deu a luz a uma menina chamada Marina. Neste momento do livro, Chanski faz uma bela reflexão: “As mulheres vieram ao mundo pra sofrer”.  Após o nascimento da menina, Fay resolveu se mudar. Ela ficou com Marina. Hank com o gato. E concordou em dar-lhe uma quantia por mês. O livro termina com Chinaski demitido do correio e falando que irá escrever um romance.

Cartas na rua é uma obra simples, sem devaneios. Bukowski ao escrevê-la demonstrou uma estrutura narrativa direta e rítmica. Ao contrário dos outros romances do velho safado, em Cartas na Rua temos um Chinaski em meia idade, que ama sua família e nutre um pouco de esperança na humanidade. Presente em todas as obras do escritor, as mulheres tem uma parte especial na bibliografia de Bukowski. Em Cartas na Rua, ele também discorria sobre como as mulheres se prendem as opiniões alheias e esquecem-se de viver suas próprias histórias.


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