domingo, 8 de março de 2015

Assim é a minha vida

Um cigarro a queimar, em minha frente, no cinzeiro. Olho-o, penso: por quê fumo? Eu preciso estar com algo aceso em minhas mãos. Tragar, puxar, divagar em pensamentos, enquanto a fumaça entra em meus pulmões. “Cara, você esta fodendo com tua saúde” – dizem. Mas eu não levo muito a sério este raciocínio. Se o cigarro fizesse-me mal, por quê fumaria? Não haveria um motivo certo, honesto e verdadeiro para fumar. Entretanto, os discursos já se tornaram monótonos, típicos dos que a antena (televisão) compartilha. Deixem-nos com os cigarros acesos, a fumar nos bares. Eu não faço mal nenhum, a não ser a mim mesmo – disse Cazuza.

Abro um livro. Leio-o, devagar, sem pressa. As páginas expressam-me uma mensagem verídica. Aprendo com a literatura. Ela comunica-me, com sublime realismo, o mundo que cerca-nos. Descobri com os mestres a vida. Henry Miller, Nietzsche, Dostoievski, James Joyce, Graciliano Ramos, Lima Barreto, Satre – adoro-os. Convivo com eles, em meu dia-a-dia. Faço faculdade de Jornalismo, em uma universidade particular – o símbolo da burguesia decadente. Apesar de novo na aérea (simplesmente estudante), acredito que para exercer a atividade jornalística com maestria, é preciso ler. Ter visão e conhecimento de mundo. Escrever, escrever... O jornalismo nada mais é do contar histórias. E as histórias, geralmente, pedem algo mais, uma veia humanística.

Junto com os livros, também tenho uma paixão especial com as músicas. Como disse Schopenhauer, “a música é a representação sonora da vida”. Por meio dela, aprendemos e somos apreendidos por ela. Os instrumentos, na sincronia artísticas das canções, falam, dizem, expressam, brigam, denunciam. É a arte e o seu poder, leitor. Não renegue-a. Porque ouvir um blues vai bem. Jazz é sôfrego. Rock and roll não existiria sem ambos. Além da música brasileira, que pra mim, é uma das melhores do mundo. Mas criticada por pseudo-intelectuais. Isso é incontestável. Robby Kriger – guitarrista do The Doors – declarou que inspirou-se na Bossa Nova para compor Break on Through.

Simplesmente não consigo ficar um dia sem música. Sou musicólotra assumido. Amo-a. Todos os dias quando eu chego em casa, depois dos afazeres, ligo o rádio. Alterno entre Monk, BB King, Muddy Waters, Robert Johnson, e depois, vou ao Rock: Stones, Doors, Airplane, Joplin. E acendo um cigarro, com a música a entrar em minhas vísceras. A alma, os sonos, o barulho, contamina minhas entranhas. Bagunçam meu emaranhado. E eu ligo o foda-se: “Amo música, caralho”, proclamo.


Ontem cheguei em casa, bêbado e chapado, e coloquei um som. Optei por Doors. Procurei Stranger Days, segundo álbum da banda, lançado em 1968. Dormi ouvindo-o. Acordei hoje, com ressaca, perguntando-me  o que faz com que eu adore a vida boemia. Deixei essas histórias pra lá. Hoje a noite promete. Vou ouvir um som, fumar um cigarro. A minha vida é assim. E eu gosto, tenham certeza.

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