sexta-feira, 20 de março de 2015

A gozada da libertação

Eu havia arranjado um emprego num jornal. Trabalhava cinco horas por dia. Entrava, na redação, às 13h. Nunca gostei de acordar cedo. Quando surgira a oportunidade de trabalhar poucas horas, a escrever, num jornal, acatei a ideia.

Dormi até 11h. Geralmente levantava de ressaca. Bebia na noite anterior para aguentar. Sempre há um motivo para beber. Eu criava-os, para que a minha mente ficasse leve, tranquila. Afinal, já criara histórias demais para mim, para os outros, para meus amigos. E o resultado? Bem, foda-se ele. Eu queria, simplesmente, beber. Sem compromisso. Apenas beber na noite. Esse era o meu propósito.

Sento-me no chão de casa. Tiro a calça, coloco-a no canto da sala. Vou ao rádio, ligo-o, Stones saiu das caixas, exalando a energia contagiante do rock. “Porra, que gênero fudido” – respondia a mim mesmo.
De repente alguém toca à porta. Levanto-me e vou atendê-la. Era Marcela – a garota mais bela que conhecera. Ela tinha uma conversa cativante, simples, elegante. Faltam adjetivos para descrevê-la. Eu nem tentava mais. Não tinha as palavras certas na boca. Em minha língua – vernáculo – habitava apenas uma desorganização silábica. Acendi um cigarro:

- posso entrar, Beck? – perguntou.

- claro, sinta-se a vontade, querida – respondi expressando gentileza.

- o quê anda fazendo?

- porra nenhuma.

- sério?

- sério. Pensei que escritores faziam algo.

- mas eu, geralmente, não costumo fazer nada. Apenas espero.

- por quê?

- por vários motivos.

- quais? – interrogou.

- bem, lembro-me de Dostoievski, em Notas do subsolo. Ele diz que os inteligentes vivem pouco, e sabem que não vale a pena ter ação na vida.

- então cê é um cara sem ação?

- sou sim.

Fui à cozinha. Peguei duas cervejas. Abri-as e beberiquei a minha, num gole enorme, sedento, aflito. Não sabia por que estava tenso, mas sabia que o álcool ajudaria a lubrificar a minha garganta, cansada das amarras da vida.

- Marcela, vamos trepar? – sugeri.

- agora?

- sim, agora.

- é que...

E parti para cima dela. Beijei-a no pescoço, e pude senti-la toda arrepiada.

- eu amo mulher arrepiada – revelei.

Ela retribuiu os beijos com uma chupada. Eu não sabia o que falar, apenas gemia de excitação. “Porra, como você chupa bem, meu amor” – declarei. Minhas mãos deslizavam sobre os seus cabelos, segurando-os para que seus lábios permanecessem em meu pau. “Fica, fica, vai!” – exclamei.

Marcela olhou em meus olhos. Sorriu. E retornou às atividades. Eu continuava a gemear de tesão, como jamais fizera em minha vida. Em um ato de cordialidade sexual, também a chupei. Caí de boca em sua boceta. Ela tinha um gosto leve e suave. Eu não via nada a minha volta, apenas os grandes lábios e vulva dilatados.

- AH, AH, AH, TESÃO, VAI, CONTINUA, PORRA! – disse entre gemidos e prazer.

- assim, tá bom querida? – perguntei esperando a resposta.

- TÁ!

Eu coloquei. Meti, sem ressentimento. Bombei uma vez, e senti seu rebolado sobre meu pau. Que tesão. À noite, completa, linda, cativante, acontecia Tudo tinha de dar certo. Tudo estava dando certo. Eu queria apenas aquela bocetinha maravilhosa, a coisa mais bela que Marcela – a ruiva mais ardente e fogosa – tinha.

Gozei.

Um beijo dei-lhe.

A noite foi-se como tudo na vida.


“Cê é demais, querida” – falei. 

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