Eu havia arranjado um emprego num jornal. Trabalhava cinco
horas por dia. Entrava, na redação, às 13h. Nunca gostei de acordar cedo.
Quando surgira a oportunidade de trabalhar poucas horas, a escrever, num
jornal, acatei a ideia.
Dormi até 11h. Geralmente levantava de ressaca. Bebia na
noite anterior para aguentar. Sempre há um motivo para beber. Eu criava-os,
para que a minha mente ficasse leve, tranquila. Afinal, já criara histórias
demais para mim, para os outros, para meus amigos. E o resultado? Bem, foda-se
ele. Eu queria, simplesmente, beber. Sem compromisso. Apenas beber na noite.
Esse era o meu propósito.
Sento-me no chão de casa. Tiro a calça, coloco-a no canto da
sala. Vou ao rádio, ligo-o, Stones saiu das caixas, exalando a energia
contagiante do rock. “Porra, que gênero fudido” – respondia a mim mesmo.
De repente alguém toca à porta. Levanto-me e vou atendê-la.
Era Marcela – a garota mais bela que conhecera. Ela tinha uma conversa
cativante, simples, elegante. Faltam adjetivos para descrevê-la. Eu nem tentava
mais. Não tinha as palavras certas na boca. Em minha língua – vernáculo –
habitava apenas uma desorganização silábica. Acendi um cigarro:
- posso entrar, Beck? – perguntou.
- claro, sinta-se a vontade, querida – respondi expressando
gentileza.
- o quê anda fazendo?
- porra nenhuma.
- sério?
- sério. Pensei que escritores faziam algo.
- mas eu, geralmente, não costumo fazer nada. Apenas espero.
- por quê?
- por vários motivos.
- quais? – interrogou.
- bem, lembro-me de Dostoievski, em Notas do subsolo. Ele
diz que os inteligentes vivem pouco, e sabem que não vale a pena ter ação na
vida.
- então cê é um cara sem ação?
- sou sim.
Fui à cozinha. Peguei duas cervejas. Abri-as e beberiquei a
minha, num gole enorme, sedento, aflito. Não sabia por que estava tenso, mas
sabia que o álcool ajudaria a lubrificar a minha garganta, cansada das amarras
da vida.
- Marcela, vamos trepar? – sugeri.
- agora?
- sim, agora.
- é que...
E parti para cima dela. Beijei-a no pescoço, e pude senti-la
toda arrepiada.
- eu amo mulher arrepiada – revelei.
Ela retribuiu os beijos com uma chupada. Eu não sabia o que
falar, apenas gemia de excitação. “Porra, como você chupa bem, meu amor” –
declarei. Minhas mãos deslizavam sobre os seus cabelos, segurando-os para que
seus lábios permanecessem em meu pau. “Fica, fica, vai!” – exclamei.
Marcela olhou em meus olhos. Sorriu. E retornou às
atividades. Eu continuava a gemear de tesão, como jamais fizera em minha vida.
Em um ato de cordialidade sexual, também a chupei. Caí de boca em sua boceta.
Ela tinha um gosto leve e suave. Eu não via nada a minha volta, apenas os grandes
lábios e vulva dilatados.
- AH, AH, AH, TESÃO, VAI, CONTINUA, PORRA! – disse entre
gemidos e prazer.
- assim, tá bom querida? – perguntei esperando a resposta.
- TÁ!
Eu coloquei. Meti, sem ressentimento. Bombei uma vez, e
senti seu rebolado sobre meu pau. Que tesão. À noite, completa, linda,
cativante, acontecia Tudo tinha de dar certo. Tudo estava dando certo. Eu
queria apenas aquela bocetinha maravilhosa, a coisa mais bela que Marcela – a ruiva
mais ardente e fogosa – tinha.
Gozei.
Um beijo dei-lhe.
A noite foi-se como tudo na vida.
“Cê é demais, querida” – falei.
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