quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

TABACO, MORALISMO E ARTE

Conto histórias. O mundo gira ao redor delas. Não importa se é uma novela da Globo ou um conto. Todos se interessam por histórias. A vida é uma história. Vivemos, escrevemos poesia, contos, crônicas, romances. Hemingway tinha razão: escrevemos para duas pessoas: para nós mesmos e para a pessoa que a gente ama. A arte ajuda-nos a suportar as amarras e amarguras do cotidiano. O dia-a-dia impõe-nos rapidez. Não dizemos um “eu te amo”. Preocupamo-nos com bens. Dinheiro. O amor não tem espaço. A correria joga-nos ao pudor. Vestimos uma máscara e escondemo-nos atrás dela. E nem bebemos mais, porque soubemos que encurta a vida. Deixamos o cigarro de lado, por causa da incidência cancerígena. “Fumar, é coisa de idiota”, nos falam na rua, no trabalho, na faculdade. Em todos os lugares, a retórica é a mesma.

William Blake escreveu que a “estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria”. Concordo. Exceder-se é fundamental para compreendemo-nos melhor.Não procure entender a embriaguez. Embriague-se, simplesmente. De quê adianta levar uma vida “sadia”, se um dia o relógio irá parar? Vivamos pela arte: como diz Nietzsche, ela priva-nos da realidade. Precisamos mentir, contar histórias, ouvir histórias. O mundo é movido por histórias, sejam boas ou más. Abra o livro, mas feche-o quando puder. Neruda o fez. Fechou-o para ir à vida. Viveu, lutou, denunciou as arbitrariedades dos poderosos, por meio da arte.

Não tenho medo da morte. Às vezes ela dorme do teu lado, calada.  Jim Morrison cantou que as pessoas são estranhas. Satre escreveu. Interpretou a mente humana, no início de sua carreira acadêmica. Morrison era poeta. Virou cantor, por ironia do destino, que surpreende-nos a cada instante. Quando achamos que sabemos, somos enganados. Abrimos o livro. Desvendamos linhas e pensamentos, cujo labirinto coloca-nos encontra a parede.

Eu vivo o presente. Porque a vida é bela. Tão bela e exata, que um dia acaba. Dispenso o futuro. Ele é distante. Não sei nem se chegará. Posso atravessar uma rua, e morrer. Meu coração pode parar de bater neste momento e terei de deixar este texto inacabado. Ninguém o terminará. Porque poucos pensam e amam a arte. Sinto-me insatisfeito com as injustiças. Quero repará-las. Nem que seja sozinho. Sinto que é o meu dever, como cidadão, futuro jornalista e amante das artes. Escolhi jornalismo para interpretar, ouvir e reproduzir histórias.

Vou a bar e ouço todos. Desde o “noiado” até o cara da mesa ao lado. Peço o isqueiro. Converso. Pergunto sobre a vida. Questiono o moralismo cético e barato que cerca-nos. Amo a vida, acima de tudo. Amo o sexo. Sinto nele uma forma de libertação da alma. Gosto de ver as mulheres no clímax. Muitos homens não dão a mínima pra isso.  Eu dou. Dispenso, revogo e repudio toda caretice. Digo não a mediocridade.

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