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Samuel Wainer esteve no lugar certo, na hora certa. Cobriu o
julgamento dos generais nazistas, em 1945, após o término da guerra. Trabalhou
para o império midiático de Assis Chateaubriand. Dirigiu o última Hora, jornal
que dava sustentação ao governo de Getúlio Vargas, durante o breve período
democrático pelo qual o país passou, na década de 1950. Teve Carlos Lacerda
como inimigo número um. Caminhou lado a lado com o poder. E morreu pobre, em
1980, como um assalariado do jornal Folha de São Paulo.
MINHA RAZÃO DE VIVER
Minha razão de viver
é a sua autobiografia. Lançada postumamente, a obra fora editada e revista pela
sua filha Pinky Wainer. No o prólogo, o jornalista Augusto Nunes, escreve que
“grandes repórteres quase sempre se transformam em relevantes testemunhas da
Histórias, e à luz dos relatos fica mais fácil compreendem como foi certa época
num determinado país, e como eram os homens a quem coube desempenhar papéis
decisivos, e como se deram exatamente os fatos”. Wainer, faz par deste seleto
clube.
Soube como poucos usar a imprensa a seu favor, e de seus
interesses. No decorrer da obra, o jornalista afirma que jamais pensou em ficar
rico. Segundo Wainer, todo o dinheiro que ganhava ia para a redação, em
investimentos em equipamentos modernos. Porém, é notório a sua intenção de se
aproximar do poder. Quando criou o Última
Hora, havia sido demitido dos Diários
Associados, jornal que integrava a cadeia midiática de Chateaubriand, que
por sua vez, tivera alguns desentendimentos com Getúlio Vargas, durante o Estado
Novo.
Nessa época Wainer se disponibilizou a criar um órgão que
apoiasse a política getulista. Com fontes dentro do Palácio do Catete, Wainer
conseguira atingir a grande massa. Algum tempo depois, na Última Hora, passaram a contribuir Nelson Rodrigues, Paulo Francis,
Otto Lara Resende e grandes nomes da imprensa do período.
Enquanto isso, Lacerda o atacava na Tribuna da Imprensa. Lacerda praticava uma espécie de ‘jornalismo
militante’. Atrelado aos setores mais reacionários do Congresso Nacional,
diariamente Wainer era acusado por ele. Houve até um incidente envolvendo a
nacionalidade do proprietário da Última
Hora. Lacerda acreditava que Wainer havia nascido na Bessarabia. Segundo a legislação da época, quem era naturalizado
não poderia ser proprietário de nenhum meio de comunicação.
Em 1964, prevendo um golpe da direita, Wainer se preparava
para seguir ao exilo. Viveu na França durante alguns anos. Retornou ao Brasil,
e vendeu a Última Hora, em 1972.
Voltou a trabalhar na Folha de São Paulo,
em 1975. Foi editor assistente da Carta Editorial e da Editora Três. Contribuiu,
ainda, para a consolidação do semanário Aqui
São Paulo, entre 1975 e 1978.
Como disse Paulo Francis: “É difícil imaginar alguém com
algo mais na cabeça do que cabelos não lendo Samuel Wainer – Minha Razão de Viver – Memórias de um Repórter”. É isso aí. Ler
Samuel Wainer é indispensável aos amantes da Histórias e aos jovens
jornalistas.
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